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Delito de Opinião

jornais

Houve de haver, ouve de ouvir

Pedro Correia, 30.11.22

Excerto de um texto de opinião assinado por um dos principais jornalistas num dos principais jornais portugueses.

Assim vai a "qualidade" da nossa imprensa.

42 comentários

ue 30.11.2022

Na tropa havia a especialidade transmissões e era célebre aquela de em vez do 'diga se me ouve, escuto', alguns diziam 'diga se me escuta, oubo', Mas estes homens tinham a instrução primária/ciclo preparatório que para começar a trabalhar chegava.
Pedro Correia 30.11.2022

Vários deles mais sábios, acredito, do que alguns escribas actuais.

Maria Dulce Fernandes 30.11.2022

É a cólidade que vamos tendo, Pedro.
Pedro Correia 30.11.2022

Mais o jargão "amaricano", Dulce. Que leva cada vez mais gente a escrever - e a falar - numa espécie de crioulo zeinalbavês.
Maria Dulce Fernandes 30.11.2022

" crioulo zeinalbavês " é muito bom, Pedro, vou tomar nota.
Pedro Correia 30.11.2022

O crédito deste inconfundível jargão deve ser atribuído ao seu progenitor, Zeinal Bava. Spica portinglês como um buque aberto.

Bea 30.11.2022

Penso ser isso, falta de qualidade e de brio. E também a pressa na revisão de texto. Ou será que já não existe revisão, não sei. Mas é nódoa.
lucklucky 30.11.2022

Usa-se o corrector automático provavelmente, como as duas palavras existem, não há linhas vermelhas logo "está tudo bem".
Pedro Correia 30.11.2022

Esse processo de "trabalhar" tem tudo para dar asneira.
E dá mesmo, como este exemplo muito recente comprova.
ue 30.11.2022

O corrector, traduções e todas outras consultas na internet estão em crioulo brasileiro.
Eles são 230 milhões, não existe a escolha de português (Portugal).
Agora temos 'Copa do Mundo Katar 2022' e traduzindo do inglês keeper aparece 'goleiro'.Com muita frequência nas capas dos jornais em vez de "na" aparece "em" : 'apareceu morto em cozinha'.
Mas também existe a escrita pela voz : dita-se o texto e o computador escreve. Neste caso falhou o corrector, ou por a máquina estar a ouvir/escrever 'gritos' podia relacionar 'ouve'.
Pedro Correia 30.11.2022

Tuguês em dialecto brasuca domina em absoluto a uiquipédia.
Com os belos resultados que estão à vista. No vocabulário, na sintaxe, na construção frásica, na gramática...
Pedro Correia 30.11.2022

Eu prefiro chamar a isto falta de profissionalismo. Só.
Bea 01.12.2022

Parece-me termo eficaz, condensa o meu palavreado e subentende-o.
Bom dia, Pedro.
Pedro Correia 01.12.2022

Bom feriado nacional, Bea.

balio 30.11.2022

Infelizmente a nova ortografia não chegou aqui. Os h mudos deveriam desaparecer.
Pedro Correia 30.11.2022

O macaco, quando não sabe dançar, diz que é o chão que está torto.
Eduardo do R 30.11.2022

Belo princípio. E porque não eliminar os sinónimos? Veja lá o número de páginas que seriam subtraídas do nosso dicionário. A maior parte das figuras de estilo só atrapalham, obrigam-nos a pensar (o horror! - com h). Fora com elas. Há - com h - tempos verbais que têm reduzido uso. Fora. Passado, presente e futuro chegam perfeitamente. Mesmo assim, há - mais um, que aborrecimento! - que pensar se serão realmente necessários: uma tribo na Amazónia não usa estruturas linguísticas para o conceito de tempo e consta que vive bem assim (*). E a 'novilíngua' criada pelos 'wokes' já nos está a fazer o favor de trucidar os géneros: também é um bom avanço, tanta duplicação desnecessária.

O novo dicionário terá a espessura do Borda d'Água. Seremos absolutamente básicos na expressão mas muito inclusivos, incapazes de descrever o mundo que nos rodeia mas muito mais felizes...

ipócrita, egemonia, ermético, ostil, istória, onra, umildade, omogeneidade, erege, ediondo, eresia, abilidoso, umor... comecemos, pois então.

(*) https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/05/110521_triboamazonia_tempo_pai
Pedro Correia 30.11.2022

Podemos ir ainda mais longe e eliminar as consoantes, voltamos todos a ter "falinha de bebé".
Balio, por exemplo, passaria a escrever-se Aio. E Lavoura tornava-se Aoua.
balio 30.11.2022

Podemos ir ainda mais longe e eliminar as consoantes

Na escrita do árabe elimina-se (muitas) vogais (o que é mais fácil nessa língua, uma vez que somente tem três vogais: a, i, u). Eliminar consoantes não é possível em ortografia nenhuma.
Pedro Correia 30.11.2022

Em certos países árabes essas são as palavras que mais se escutam: ai e ui.
Sobretudo de presos políticos que lá se encontram a penar.
balio 30.11.2022

Não confunda, nunca, a língua com a ortografia. A língua é orgânica, pertence ao povo. A ortografia é somente uma convenção.
Pedro Correia 30.11.2022

Está profundamente equivocado: a ortografia é do povo. Excepto a russa, que é de Moscovo.

Carlos Sousa 30.11.2022

Anda tudo maluco, ninguém se entende. Ontem não leva agá, hoje já leva, em que é que ficamos afinal?
É claro que os jornalistas, coitados, também se baralham.
balio 30.11.2022

Ontem não leva agá, hoje já leva

E hamanhã volta a levar.
Pedro Correia 30.11.2022

Faz pouco sentido a palavra agá não se escrever hagá.
Pedro Correia 30.11.2022

Há uns largos anos apareceu nas bancas um jornal analfabeticamente chamado Oje. Antecipava as tendências que o comentador Balio advoga. Condenando à morte a oitava letra do nosso alfabeto.
Afinal foi a dita folha de couve a fenecer. Já se encontra há muito sob a pedra tumular.

jpt 30.11.2022

não pode ser, não quero crer - não sei quem é o autor mas se é um dos principais jornalistas, como dizes, deve ter sido coisa de corrector e de revisão apressada. Caramba, quase todos os dias faço erros ortográficos, não falo de alto, mas no "haver" quem vive da e na escrita não erra. O problema é capaz de ser mesmo bem mais grave do que falhas ortográficas, é a falta de revisores
Pedro Correia 30.11.2022

Estes são os "mestres" que "ensinam" os jovens profissionais.
Não admira que a escrita jornalística seja cada vez mais coxa, mais manca, mais vesga.
E mais burra.

e 30.11.2022

Puro masoquismo ler ( ou "ouver" ) aquilo que , na paróquia, passa por jornalismo...
JSP
Pedro Correia 30.11.2022

Os mais novos devem ser fortemente desaconselhados de ler textos destes em jornais destes.
Para evitarem desaprender o pouco que ainda sabem.

Carlos DeMenezes Fernandes, Sr. 30.11.2022

Tenho um Amigo com 85 anos de idade que afirma: "... a sociedade portuguesa só se actualiza (crimeacordo ortográfico, etc., etc., etc., etc....) quando lá não houverem portugueses!
Pedro Correia 30.11.2022

Houverem ou ouvirem?
V. 01.12.2022

"houverem"?

Deve ser a 4ª Pessoa do Plural...
Pedro Correia 01.12.2022

Eles não fazem a mais remota ideia de graus, géneros, formas verbais, seja do que for.
Alguns conseguem trepar e até ocupar cargos directivos em jornais. Com resultados destes.

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