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Delito de Opinião

Guiné-Bissau

jpt, 11.12.23

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(Bolama)

Há semanas deixei uns textos sobre a situação pós-eleitoral em Moçambique (1, 2, 3). Neles explicitei a minha preocupação com a deriva política no país - a qual não era assim tão descabida, dados os passos subsequentes e também declarações de várias personalidades relevantes do sistema político nacional. E lamentei a inexistência de um sinal parlamentar português, que expressasse uma solidária preocupação com a democratização desenvolvimentista moçambicana. Em 20 anos de bloguismo esses textos foram os que me causaram mais interacções directas, o que me foi muito simpático: tanto de Moçambique como de Portugal recebi dezenas de mensagens e telefonemas de amigos/conhecidos saudando o conteúdo (e o tom) do que eu afirmara. Sim, presunção e água benta, cada um toma a que quer... mas estou a ser radicalmente franco!

Mas também tive alguns enxovalhos, um pequeno punhado de invectivas. Pessoas conhecidas a chamarem "imbecis" aos tipos da IL (que haviam proposto na nossa AR um voto sobre a matéria), e nisso a apodarem-me indirectamente de "imbecil", outros a considerarem de "absurdas" as minhas palavras, tal e qual estivesse eu a propôr ingerências, assim tipo a que os "paraquedistas portugueses" se comportassem quais os franceses do velho Bob Denard nas incursões "africanistas" de XX. Confesso o meu espanto incomodado desses dias diante de tais reacções... Eu sei que as pessoas interpretam como querem, normalmente através de furiosas percepções a priori mas, caramba, há limites para o disparate.

Passaram dois meses. Entretanto, noutro país da CPLP, a Guiné-Bissau, houve um golpe presidencial. Algumas pessoas logo me desafiaram, em veementes "escreve!". Mas sei pouco sobre a Guiné-Bissau - de facto, quase nada para além do vínculo toponímico com a cidade de Bolama. Nem sou um "africanista" e muito menos um "tudólogo". Escrevo irresponsavelmente sobre as coisas do meu quotidiano. Mas sobre o quotidiano alheio exige-se a sageza do conhecimento prévio... Mas fui-me informar. E entre o que leio surge esta notícia,

Nela consta que - e estando algo suspensos o nosso governo e o nosso parlamento -, há uma iniciativa explícita do nosso partido governamental para, no âmbito parlamentar da CPLP, defender a legalidade democrática constitucional na Guiné-Bissau. Ora era de algo deste teor que eu falara naqueles meus textos, de um sinal político próprio expressando a preocupação com um crescendo de défice democrático (desenvolvimentista). Sendo nisso também alento moral para aqueles que a isso se opõem, democrática e pacificamente.

Presumo que aqueles que me vieram invectivar clamem agora que os "tipos do PS" que propõem isto são uns "imbecis" e que os seus apoiantes também o serão. E que são também, os tais "do PS", uns neo-colonos...

(É certo que o mandatado pelo PS para capitanear esta iniciativa nas instâncias da CPLP é o mais infrequentável dos políticos portugueses - Porfírio Silva, o professor universitário de Filosofia (!?) que como deputado socialista afirmava que Passos Coelho usava a doença mortal da sua mulher para fins eleitoralistas. Mas "não seja por isso", é consabido que o PS só tem este tipo de gente, já lá não há melhor, aproveite-se as duas vezes por dia que aquele velho e degenerado relógio está certo...)

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