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Delito de Opinião

GOLDENERGY - Nem a morte nos separa

Teresa Ribeiro, 13.08.15

Pouco tempo antes de morrer, a minha tia Ivone, de 92 anos, achou por bem informar-me que um dia tinha sido abordada, à porta de casa, por "umas meninas muito simpáticas" que a fizeram assinar um papel. Só não sabia era dizer qual era o assunto e se tinha ficado com uma cópia.

Quando ela deixou este mundo, coube-me a mim tratar da sua ex-vidinha terrena e foi então que descobri, no meio da papelada, uma factura da Goldenergy, empresa de distribuição de gás e electricidade, ainda recente no mercado. Lembrei-me logo da conversa sobre as "meninas muito simpáticas" e imaginei como devem ter salivado ao verem diante de si uma idosa confusa e solitária, ávida de uns minutos de atenção.

Soube entretanto que a nóvel empresa está sediada em Vila Real e tem um único balcão de atendimento em Lisboa, na loja do cidadão. Assim que me foi possível entregar os documentos comprovativos do óbito rumei às Laranjeiras para cancelar o contrato e foi aí que deparei com a primeira bizarria: a bicha que aguardava atendimento superava as homéricas bichas da Segurança Social. Era um sinal inquietante, mas como o meu objectivo era rescindir, não me preocupei.

Fiz mal. Esta cena passou-se no final do ano passado e a Goldenergy não desiste da minha tia nem por nada. Consegui, depois de muita insistência, que lhe selassem o contador, mas nem assim. Não sei se no céu também se cozinha e toma duche de água quente, a verdade é que  já estamos em Agosto, o gás cá em baixo foi cortado em Março, e as contas dela não páram de crescer. Na última factura que recebi, onde a Goldenergy ameaça cortar o gás que já cortou, a conta chega quase aos 500 euros!  

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