Fundação para a Ciência e Tecnologia
Em 2016 candidatei-me a uma bolsa de doutoramento, desta Fundação para a Ciência e a Tecnologia. A então nova direcção mudara os requisitos para as candidaturas: exigia a gente como eu, com "licenciaturas pré-Bolonha" e sem mestrado, que apresentasse um documento da universidade "doutoradora" a comprovar a admissibilidade do candidato. Sem especificar que órgão académico devia exarar esse documento. Assim fiz. E a candidatura foi recusada, nem sequer avaliada, com o argumento que não fora suportada com um documento proveniente do órgão académico adequado.
Contestei essa anulação, com um recurso. Argumentei que a) o regulamento era omisso nesta matéria, não especificava qual o órgão que deveria comprovar a adequação do perfil do candidato; b) a opção sobre quem deveria produzir tal documento havia sido da universidade, estatal, decerto que mal informada pela própria FCT.
Ou seja, reproduzi o velho "vocês que são brancos que se entendam" ("brancos" significando mesmo os "brancos" de hoje, os funcionários públicos). Em alguma coisa se devem ter entendido, pois o regulamento de candidaturas para os concursos seguintes foi logo alterado, passando a especificar que órgão académico deverá produzir este tipo de documento. Alteração que comprova a insuficiência anterior, fruto da incipiente mudança regulamentar desta nova direcção da FCT.
Recebi agora, dois anos e tal depois (eu já noutra vida), um email assinado por um tal de Paulo Ferrão, funcionário público presidente daquele organismo estatal, a dar-me resposta ao recurso. Que não tenho qualquer razão, diz. E que se quiser protestar que vá para tribunal. Ou seja, nem o regulamento que ele aprovou estava mal feito. Nem os seus colegas estavam distraídos. O morcão sou mesmo eu.
Note-se, o tal de Ferrão esperou mais de dois anos para me dizer isto. Mas aquilo que me ofende mesmo é que no final do email o homem ainda mandou escrever "cumprimentos". O tipo, após mais de dois anos, ainda tem o desplante de me saudar ...
A minha filha pede/exige que eu não escreva palavrões no FB/blog, e a minha irmã secunda-a. Assim o faço. Mas é claro que os murmuro. Daqueles bem peludos, aludindo às imorais e nada higiénicas ascendências destes gajos.