Já foram há mais de um mês, mas talvez pelo facto da segunda volta ter coincidido com o grande incêndio de Pedrógão, passaram algo despercebidas entre nós. As eleições legislativas francesas quebraram o habitual panorama partidário, afundaram algumas das forças políticas mais tradicionais e deram uma maioria legislativa ao novo presidente Emmanuel Macron e ao seu En Marche, que, recordemos, é um movimento centrista com pouco mais de um ano e de que até há pouco tempo se duvidava que fosse sequer apresentar-se às legislativas, dadas as dificuldades organizativas e em arranjar candidatos. Mas na senda da robusta vitória presidencial de Macron, o agora denominado Republique en Marche posicionou-se ao centro, baralhando os equilíbrios ideológicos, e pescou ao centro-esquerda e ao centro-direita, para além de ter recebido o apoio do MoDem de François Bayou, um experiente nestas lides que transporta consigo parte do legado da antiga UDF. Sem eleger a enormidade de deputados que se chegou a prever (algumas sondagens davam-lhe mais de 400), conseguiu ainda assim uma maioria absoluta de 350 lugares em 577. Depois do Eliseu, Macron ganhou o Palais Bourbon e pode seguir com o seu projecto para a França.
França depois das legislativas - resumo fora de horas com uma nota final cinéfila
João Pedro Pimenta, 26.07.17