Fora de série (6).
Star Trek, que entre nós ficou conhecida, como O Caminho das Estrelas, é talvez a série de televisão mais bem sucedida de sempre. Criada por Gene Roddenberry em 1966, gerou imediatamente inúmeros seguidores, apaixonados pelas aventuras do capitão James T. Kirk (William Shattner), Mr. Spock (Leonard Nimoy), Leonard Mckoy (DeForest Kelley) e Montgomery Scott (James Dohonan). O sucesso foi tanto que os produtores não resistiram a fazer render o peixe, levando à criação de seis séries de Star Trek: The Original Series, The Animated Series, The Next Generation, Deep Space Nine, Voyager e Enterprise. Como também não podia deixar de ser, a série passou rapidamente ao cinema, levando à produção de nada menos do que doze filmes: Star Trek: The Motion Picture, Star Trek II: The Wrath of Khan, Star Trek III: The Search for Spock, Star Trek IV: The Voyage Home, Star Trek V: The Final Frontier, Star Trek VI: The Undiscovered Country, Star Trek Generations, Star Trek: First Contact, Star Trek: Insurrection, Star Trek Nemesis, Star Trek, Star Trek Into Darkness. E, como não poderia deixar de ser, já se anuncia para 22 de Julho de 2016 um novo: Star Trek Beyond. E também se anuncia que em 2017 a série regressará mas, como também agora se tornou frequente, exclusivamente para a internet. A série ainda hoje vende mais do que pãezinhos quentes.
Diz-se que o autor se inspirou nas Viagens de Gulliver, mas a mim parecia-me mais a epopeia dos descobrimentos portugueses. A série começava com um genérico a referir: "Espaço: a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise na sua missão de cinco anos a explorar estranhos novos mundos, a procurar novas formas de vida, e novas civilizações, a ir onde nenhum homem tinha ido antes". E terminava sempre com a leitura do diário de bordo do capitão Kirk, referindo o ano estelar 5.000 e qualquer coisa, cujos textos ninguém sabia se seriam alguma vez recuperados.
Em termos científicos a série tinha seres estranhos, tendo até inventado uma língua própria para os falantes de um dos planetas: o klingon, de que muitos fãs passaram a ser fluentes. Mas o que era irresistível era o teletransporte do Capitão Kirk, sempre antecedido pela frase Beam me up, Scotty. E especialmente o Mr. Spock, um cruzamento de um homem terrestre com uma habitante do planeta Vulcano, cuja serenidade nas situações de perigo gelava todos os espectadores. Carl Sagan, que criticava os erros científicos das séries de ficção, dava precisamente o exemplo de Spock como o erro mais colossal: Cruzar um homem com uma habitante de um planeta estranho? Seria mais fácil cruzar um homem com uma couve. A série ignorava toda a teoria da evolução.
Mas a verdade é que o erro científico que era Spock foi talvez a maior causa do sucesso da série, devido ao desempenho do brilhante actor que era Leonard Nimoy. O seu sucesso foi tanto que a personagem nunca mais o largou. O actor bem lutou contra isso, escrevendo uma biografia intitulada I am not Spock, mas acabou por se render, escrevendo um segundo volume que se chamou precisamente I am Spock…
50 anos depois da sua criação esta série continua activa e bem viva. E pelo sucesso que tem tido, se calhar no ano estelar 5.000 e qualquer coisa ainda haverá gente a vê-la…