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Delito de Opinião

Fora de Série (22)

Ana Cláudia Vicente, 19.06.16

Acenando a Alan Ball, autor da série, escolho começar por um fim. À mais miúda dos irmãos Fisher, Claire, caberá o guiar o epílogo de uma parte da história da sua família. Este será contado em tom e ritmo consideravelmente distantes de qualquer dos episódios das cinco temporadas de Six Feet Under / Sete Palmos de Terra: rápido, sem quês, entre a comoção e o ridículo para quem durante anos acompanhou todos os que desaparecerem e (re)aparecem no tempo desta melopeia: 

Vemos Claire (Lauren Ambrose) partir depois de crescer numa família que lida diariamente com o que, no nosso tempo e na nossa parte do mundo, a maioria tenta mais ou menos esforçadamente fazer de conta não (ha)ver: a morte. Assim sendo, a casa dos Fisher é também sede de agência funerária homónima, fundada por Nathaniel (Richard Jenkins), primeira baixa do primeiro episódio, a qual precipitará o regresso do seu filho mais velho, Nate (Peter Krause), e a recomposição do modo de viver de todos eles.

 

Treslendo um pouco a premissa desta série colectiva de posts, escolhi a história dos Fisher porque esta marcou a minha juventude, mais exactamente o seu fim. Guardo-a como a primeira da minha vida adulta. E sim, para adultos: dura, explícita, baralhante, grotesca, espiritual, angustiada. Pude vê-la porque passou na RTP2, tinha eu entre vinte cinco e os vinte sete ou vinte e oito anos; a personagem mais próxima da minha idade era David (Michael C. Hall), o filho do meio, o que tentava ser tudo para todos até já não o poder nem o querer. Muitas outras substanciais personagens nos foram apresentadas nesses anos, desde logo Ruth (Frances Conroy), a matriarca incompleta; ou Brenda, Federico, Keith e as suas famílias; George, Lisa, Maggie.

O melhor desta série não foi, pelo menos para mim, o ângulo talvez mais referenciado, de ilustração de um tempo e um espaço onde a morte e os seus ritos (ponto de partida de cada episódio) são fonte de estupefacção. O melhor foi, de longe, a representação do convívio entre os que ainda vivem e os que já partiram, qualquer que seja a interpretação (metafísica, onírica, psicológica) que dele possamos fazer. Como aqui:

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