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Delito de Opinião

Fogos são terrorismo ambiental

Pedro Correia, 21.08.17

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O País continua a arder: o estado de calamidade pública em vários distritos do norte e do centro decretado pelo Governo como medida preventiva, quinta-feira passada, não evitou que neste domingo se tivessem registado 231 incêndios em Portugal. Neste momento há fogos a consumir áreas florestais e agrícolas nos concelhos da Covilhã, Ribeira de Pena, Alijó, Santa Maria da Feira, Resende, Cabeceiras de Basto, Terras do Bouro, Baião, Sever do Vouga, Porto de Mós, Alcanena, Albergaria-a-Velha e São Pedro do Sul.

No fim de semana arderam parcelas importantes dos concelhos de Sabrosa, Gavião e Felgueiras. Um piloto de helicópteros morreu ontem quando o aparelho se despenhou: ajudava a combater as chamas em Castro Daire e ainda fez duas descargas antes do acidente fatal.

Nos últimos dez dias, os incêndios provocaram 122 feridos - oito dos quais em estado grave. Até sábado, já tinham ardido 165 mil hectares de floresta e área agrícola - mais do que em todo o ano passado.

Também ontem um sujeito foi apanhado em flagrante a tentar atear um incêndio no Parque Natural Sintra-Cascais - tendo sido impedido pela GNR, que vem reforçando as acções de patrulha e vigilância ali existentes. Isto enquanto as emissões de gases com efeito de estufa continuam a aumentar por consequência directa destes fogos.

É tempo de deixarmos de encarar este drama dos fogos como uma típica fatalidade de Verão, passando a equipará-lo a uma ofensiva terrorista. Com múltiplos e por vezes irreparáveis atentados à segurança de pessoas e bens. Com múltiplos atentados à segurança climática e ambiental. O facto de uma percentagem significativa destes incêndios começar de noite, em zonas de difícil acesso e com focos quase simultâneos indicia que estaremos perante redes organizadas de incendiários, a soldo de interesses que as autoridades têm o dever de deslindar. Doa a quem doer, custe a quem custar.

Vermos o País continuar a arder, impotentes e resignados, é que não.

5 comentários

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    Pedro Correia 21.08.2017

    Quando você não vota deixa sempre que sejam outros a votar por si.
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    Anónimo 21.08.2017

    Em rigor, ninguém pode votar por mim porque eu nunca deleguei tal coisa.
    Mas sei o que quer dizer.
    E o que quer dizer é uma falácia que ainda engana muita gente, mas cada vez menos, felizmente.
    E o meu apelo consiste precisamente em que cada vez mais cidadãos simplesmente não votem - nem por eles nem pelos outros.
    Um abraço!
    João de Brito
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    Pedro Correia 21.08.2017

    Em democracia, votar é um direito. A abstenção é uma opção legítima, embora vários sistemas eleitorais contemplem o voto obrigatório.
    A verdade é que sem voto não existe democracia. E sem democracia existe ditadura. Pondo as coisas de outra maneira: se forem cada vez menos a votar, a democracia deixa de ser a expressão da vontade da maioria para se tornar a expressão de uma minoria cada vez mais minoritária.
    Por isso é que aqueles que não exercem o direito de voto acabam, na prática, por endossar o voto em outros. Que, sendo cada vez menos, mandam paradoxalmente cada vez mais.
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    Anónimo 21.08.2017

    Acredita V. Excelência, que se, por hipótese, votassem apenas 5% dos cidadãos (presumo que seja essa a percentagem dos que vivem mais ou menos diretamente da política - da política, não da administração), o regime, que é essencialmente representativo, continuaria impávido e sereno?!
    Acredita que, nesse caso, não teria necessariamente de haver uma nova constituição, por força da natureza das coisas?!
    Será que não resulta claro que, nesse caso, democracia e ditadura coincidiriam ponto por ponto?!
    Pior: seria a mais traiçoeira das ditaduras, porque seria imposta não por qualquer golpe de estado, armado ou não, mas pelo voto!
    Alguém acredita nisto?!
    Deixemo-nos de chavões reacionários.
    Usemos a arma que o regime ainda vai tolerando (o voto obrigatório é um atentado ditatorial contra a liberdade individual, porque transforma um direito num dever em proveito do infrator), para o substituir definitivamente:
    Viva a abstenção!
    João de Brito
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