Finalmente 44/46
Quando era nova vestia o tamanho 38/40. Não era gorda, mas estava longe de ser um conjunto de ossos ligados por tecido muscular. Era o que se chama de portuguesa padrão, talvez mais alta do que a média, com os meus 1,67.
Nesse tempo as mulheres desejavam-se relativamente roliças e ainda não tinha despontado a moda dos modelos S ou XS, que protagonizam seres famélicos que só a maquilhagem consegue valorizar. E que quando desfilam exibem entre pernas um arco que compete com o da Rua Augusta. Inveja, dirão uns e, possivelmente, têm razão...
Com a idade o tamanho foi aumentando e a altura diminuindo. Sempre encarei o processo como normal e quando estava mais gorda, tinha o cuidado de me não ver de perfil. Assim fui continuando e, dever-se-ão decerto aos quilos a mais que tenho, a lisura da pele que possuo.
Entretanto, um dos meus filhos teve de emagrecer e eu pus-me à labuta, para encontrar receitas agradáveis, mas dentro dos limites que lhe haviam sido impostos. Foi deste modo que ele perdeu oito quilos e eu ganhei mais um livro que, ainda hoje, continua a dar-me direitos de autor, ou seja, a ser vendido.
Acabo de saber que o Calendário Pirelli escolheu este ano Candice Huffine, 29 anos, americana, 1,80 e pernas quilométricas como uma das protagonistas da próxima edição apesar dos seus 90 quilos peso.
A modelo “plus size” está entre as mais requisitadas para desfiles e editoriais de moda em todo o mundo. É uma escolha revolucionária na história de um dos mais famosos calendários, que pode significar que as futuras modelos talvez venham a ser mais reais e não um fonte de transtornos alimentares.
Claro que eu não passei, por este facto, a ser magra. Mas talvez passe a ter mais por onde escolher...