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Delito de Opinião

Fim de semana (12)

Pedro Correia, 12.12.21

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Confesso: andava há muito tempo com vontade de voltar a Óbidos. Ainda bem que o fiz, num destes fins de semana, ainda antes das previsíveis enchentes de Natal - embora nos tempos actuais nada seja previsível. A "vila-presépio", como lhe chamam justamente nesta quadra, engalanou-se a preceito para receber os forasteiros. 

Merece que a desvendem, seja em que época do ano for. Para quem vive na zona de Lisboa os acessos são fáceis, ali pela A8, entre o Bombarral e as Caldas: cerca de uma hora de viagem.

Devo dizer que foi uma visita que nunca me decepcionou. Aqui há sempre um recanto a descobrir, uma perspectiva diferente a vislumbrar, um novo fragmento de paisagem urbana ou rural que observamos pela primeira vez. Casario envolto em estética muito própria, exibindo uma atmosfera de burgo medieval retocado por séculos de sereno embelezamento. Um panorama deslumbrante, a perder de vista, quando subimos às ameias do castelo.

 

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Vale a pena vir pelo conjunto do património histórico. Com destaque para a Igreja de Santa Maria, edificada no século XVI, na bela praça que lhe recebeu o nome. O chafariz da Vila, mandado construir por D. Catarina, rainha-regente durante a infância de D. Sebastião. Os majestosos solares, como os do Aboins ou os dos Brito Pegado. Ou os antigos paços do concelho, transformados em museu.

Vale a pena vir também pelos livros. Há sedutoras livrarias em Óbidos, que alguns conhecem só pelos chocolates ou pela ginjinha, ignorando que serve de palco a um festival literário com reputação internacional. A paixão pelos "papéis pintados com tinta", como lhes chamava Fernando Pessoa, é tanta que aqui existe até um hotel forrado a livros de lés a lés, além de um restaurante igualmente coberto de lombadas. The Literary Man, o primeiro. The History Man, o segundo. Pena os nomes "amaricanos": ninguém parece desprezar tanto a língua portuguesa como os próprios portugueses, sobretudo os mais letrados.

 

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Foi no Homem da História que almoçámos. Tem uma acolhedora esplanada na Praça de Santa Maria e um vasto espaço interior, mas pedimos para nos instalarem a mesa no jardim traseiro para melhor desfrutar o sol. Foi lá que saboreámos com todo o vagar do mundo a raia frita com arroz de grelos e o polvo salteado com migas e feijão, devidamente acompanhados de um fresco branco da região Oeste.

A "vila-presépio" está bem e recomenda-se. Com um encanto que jamais passa de moda. 

 

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