Figura nacional de 2023
MARCELO REBELO DE SOUSA
Repete o destaque já aqui alcançado há seis anos. Desta vez, sobretudo, por ter decidido dissolver a Assembleia da República, em Novembro. Tal como fizera em 2021, o que permitiu ao PS vencer as eleições seguintes e usufruir do breve interlúdio da maioria absoluta que será quebrado a 10 de Março.
O Presidente da República volta a ocupar o principal lugar do palco num sistema político que tem reforçado a vertente parlamentar. Isto no ano em que as relações institucionais com o primeiro-ministro cessante passaram do morno para o quase gélido. Hoje quase parece impossível que António Costa tenha recomendado em Janeiro de 2021 o voto no actual inquilino de Belém. Prova - mais uma - de que a política portuguesa se alimenta de microciclos, em aceleração constante.
Assim, Marcelo Rebelo de Sousa foi escolhido pelo DELITO como Figura Nacional do Ano. Por maioria simples, muito longe de qualquer vitória arrasadora. Houve quem o elegesse pela positiva. «Não há noticiário que passe sem ele», assinalou alguém. Mas pesaram igualmente motivos menos lisonjeiros - incluindo o caso das gémeas brasileiras, ainda não esclarecido na totalidade e que contribuiu para uma quebra notória da popularidade do Chefe do Estado já reflectida nas sondagens.
«[Marcelo] parece ter perdido o sentido de Estado ou até mesmo o contacto com a realidade. Vive num mundo imaginado, onde é rei absoluto», justificou uma das vozes "delituosas".
Na segunda posição ficou o recém-eleito secretário-geral do PS. Pedro Nuno Santos, que passou de quase proscrito a sucessor de Costa, sufragado nas eleições internas de Dezembro, em que superou o seu rival interno, José Luís Carneiro, com cerca de 64% dos votos.
«Por ter feito a travessia do deserto socialista mais rápida dos últimos tempos e conseguido passar de persona non grata a potencial futuro primeiro-ministro num abrir e fechar de olhos (cortesia de Lucília Gago e Marcelo Rebelo de Sousa). Um verdadeiro artista do circo que é a nossa política.» Foi assim que um dos nossos votantes em PNS justificou a sua escolha.
Seguiram-se votos isolados em diversas outras figuras nacionais. António Costa, que o DELITO elegeu Figura do Ano em 2015 e 2022. João Galamba, empossado em Janeiro como ministro das Infraestruturas e forçado a abandonar estas funções em Novembro após ter protagonizado em Abril um dos episódios mais caricatos e vergonhosos do Governo de maioria absoluta que o transportaram para o anedotário nacional. Lucília Gago, a procuradora-geral da República escolhida pelo Governo socialista e agora transformada em alvo frequente de críticas no PS devido à investigação anunciada ao País a 7 de Novembro. Vítor Escária, ex-chefe de gabinete de Costa, que tinha quase 76 mil euros em notas no seu gabinete da residência oficial em São Bento. O antigo presidente da Iniciativa Liberal Carlos Guimarães Pinto, que um dos "delituosos" elogiou como «um dos poucos deputados que conseguiuram dar alguma qualidade ao parlamento». E, claro, Cristiano Ronaldo - que em 2023 foi o futebolista que marcou mais golos em competições oficiais de todo o mundo: 54. Já com 38 anos, promete continuar em 2024. Ninguém o pára.
Figura nacional de 2010: José Mourinho
Figura nacional de 2011: Vítor Gaspar
Figura nacional de 2013: Rui Moreira
Figura nacional de 2014: Carlos Alexandre
Figura nacional de 2015: António Costa
Figura nacional de 2016: António Guterres
Figura nacional de 2017: Marcelo Rebelo de Sousa
Figura nacional de 2018: Joana Marques Vidal
Figura nacional de 2019: D. José Tolentino Mendonça
Figura nacional de 2020: Marta Temido
Figura nacional de 2021: Henrique Gouveia e Melo
Figura nacional de 2022: António Costa