Figura internacional de 2020
URSULA VON DER LEYEN
A presidente da Comissão Europeia foi eleita Figura Internacional do Ano pela tribo "delituosa". Em 21 votos expressos, recolheu oito.
Ursula von der Leyen - que tem assumido a liderança comunitária de facto e não apenas no papel - mereceu esta distinção por vários motivos. Desde logo pelo seu impulso à aprovação da ajuda financeira às debilitadas economias dos Estados-membros, que receberão 1,8 biliões de euros para enfrentar a grave crise provocada pela pandemia. Mas também pelo protagonismo no processo que conduziu à validação, aquisição e distribuição das vacinas anti-Covid 19, superando todos os prazos antes registados em questões similares. Sem esquecer o acordo com o Reino Unido que consumou o adeus dos britânicos à Europa comunitária.
«É hora de virar a página e olhar para o futuro», declarou a 24 de Dezembro, a propósito do Brexit, a primeira mulher à frente das instituições europeias. Desde que substituiu Jean-Claude Juncker como presidente da Comissão, em Dezembro de 2019, a antiga ministra alemã da Defesa tem-se assumido como personalidade de referência no panorama político internacional. Impedindo, desde logo, eventuais efeitos de contágio do Brexit: nenhum outro país comunitário seguiu o controverso exemplo do Reino Unido.
«Num momento tão conturbado parece manter o sangue-frio e aparentemente leva o barco a bom rumo», comentou um dos autores do DELITO, justificando a votação. «A presidente da Comissão mais competente desde Jacques Delors. Manteve tudo na linha, com suavidade e inteligência», observou outro.
Na posição imediata, com sete votos, ficou o malogrado médico Li Wenliang, que terá sido a primeira pessoa a comunicar ao mundo a existência do Covid-19, iniciado na cidade chinesa de Wuhan, em Dezembro de 2019. Quem votou nele enalteceu-o «pelo exemplo de coragem cívica, amor ao próximo e resistência à ditadura».
Este oftalmologista que exercia como clínico no hospital central de Wuhan chegou a ser perseguido pelas autoridades e acusado de «difamar a China». Infelizmente foi uma das primeiras vítimas do novo coronavírus: infectado a 8 de Janeiro, faleceu um mês depois, com apenas 33 anos. O mundo acabará por prestar-lhe justiça.
Registaram-se três votos no Presidente cessante dos Estados Unidos da América, Donald Trump (Figura Internacional do Ano no DELITO em 2017), e dois no seu sucessor, Joe Biden, eleito pelos norte-americanos com a maior votação popular de sempre e prestes a tomar posse do cargo, o que ocorrerá em Washington no próximo dia 20.
Houve ainda um voto isolado num trio de cientistas: o casal alemão de origem truca Uğur Şahin e Özlem Türeci (principais responsáveis pelo desenvolvimento da primeira vacina anti-Covid) e a húngara Katalin Karikó (que se destacou no desenvolvimento do uso terapêutico de mRNA, molécula que copia as instruções do código de ADN, localizadas no interior do núcleo das células, para outras estruturas celulares, os ribossomas, onde são produzidas proteínas e treinando o sistema imunitário para reconhecer o vírus, em caso de infecção). Não será de admirar que venham a receber o Prémio Nobel da Medicina.
Figuras internacionais de 2010: Angela Merkel e Julian Assange
Figura internacional de 2011: Angela Merkel
Figura internacional de 2013: Papa Francisco
Figura internacional de 2014: Papa Francisco
Figuras internacionais de 2015: Angela Merkel e Aung San Suu Kyi
Figura internacional de 2016: Donald Trump
Figura internacional de 2017: Donald Trump
Figura internacional de 2018: Jair Bolsonaro
Figura internacional de 2019: Boris Johnson