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Delito de Opinião

Figura internacional de 2018

Pedro Correia, 02.01.19

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JAIR BOLSONARO

Foi o  mais imprevisível triunfo eleitoral de 2018, surpreendendo grande parte dos comentadores e analistas políticos: Jair Bolsonaro, capitão na reserva e deputado federal desde 1991, venceu a eleição presidencial brasileira de Outubro, suplantando na segunda volta o seu rival do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad, por uma margem confortável: obteve 55% e quase 58 milhões de votos. Ontem tomou posse, em Brasília, como 38.º Chefe do Estado do maior país de língua portuguesa e líder da sétima economia à escala mundial. Com uma taxa de aprovação muito elevada, que ascende a 61%, segundo os mais recentes barómetros  - algo que praticamente ninguém conseguia prognosticar há um par de meses.

A inclusão do juiz Sérgio Moro no novo Executivo federal, com a pasta da Justiça, terá contribuído para este reforço da popularidade de Bolsonaro, que se apresentou às urnas apenas com o apoio inicial de um pequeno partido, o PSL, e quase sem dispor de tempo de antena nos canais televisivos. Contornou estas dificuldades recorrendo em larga escala às redes sociais e às novas plataformas de telecomunicações. O que vai seguir-se é uma verdadeira incógnita, sendo inegável o peso dos militares na estrutura governativa agora empossada - começando pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão.

No DELITO DE OPINIÃO, que o elegeu como Figura Internacional do Ano, Bolsonaro teve uma vitória apertada: recebeu nove votos em 24. Vencendo tangencialmente outro dirigente de um país de língua portuguesa: o Presidente angolano, João Lourenço. Justificação para os oito votos recolhidos pelo homem que em 2017 sucedeu a José Eduardo Santos: o papel relevante que tem desempenhado na abertura das instituições e no combate à corrupção em Angola.

 

O terceiro lugar do pódio, com três votos, coube ao Presidente norte-americano Donald Trump - aqui vencedor nos dois anos anteriores - pelas numerosas polémicas que tem protagonizado, levando a uma constante sangria da sua equipa governativa, mas também pela histórica cimeira que manteve em Abril com o ditador de Pyongyang, Kim jong-un, que terá aberto enfim caminho à desnuclearização da península coreana, há 68 anos em estado de guerra.

Houve dois votos no novo Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, primeiro dirigente desde 1959 que ali não pertence à família Castro. Além de votos isolados no Presidente chinês, Xi Jinping, que em 2018 viu reforçados os seus poderes, sendo-lhe reconhecida a possibilidade de recandidatar-se a novos mandatos, e no magnata norte-americano Mark Zuckerberg pela intrusão que os FAANG (Facebook, Amazon, Apple, Netflix, Google) têm nas nossas vidas e na forma como estão a mudar o mundo, certamente para pior.

 

 

Figuras internacionais de 2010: Angela Merkel e Julian Assange

Figura internacional de 2011: Angela Merkel 

Figura internacional de 2013: Papa Francisco

Figura internacional de 2014: Papa Francisco

Figuras internacionais de 2015: Angela Merkel e Aung San Suu Kyi

Figura internacional de 2016: Donald Trump

Figura internacional de 2017: Donald Trump

6 comentários

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    Pedro Correia 02.01.2019

    Sugestão de leitura:
    https://www1.folha.uol.com.br/tec/2015/09/1679423-brasil-e-terceiro-pais-do-mundo-que-fica-mais-tempo-on-line-no-celular.shtml
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    Carlos Gonçalves 02.01.2019

    Caro Pedro Correia, creio-me no dever de me mostrar grato pela boa vontade em me acudir na incerteza.
    Infelizmente, a informação contida no seu link é completamente incapaz de a debelar. De facto, hoje, dia 2 de Janeiro de 2019, a Folha informa que o Brasil foi, em 2015, o terceiro país do mundo que ficava mais tempo on-line através do telemóvel e no que se refere aos utilizadores de internet entre os 16 e os 64 anos de idade.
    Nem sequer me custa admitir que em 2018 - ano em que Bolsonaro ganhou as eleições -, os resultados estatísticos da utilização desses serviços de comunicação tenham sido semelhantes ou superiores. O que de maneira nenhuma o seu link informa é em que medida esse recurso jogou a favor do candidato preferido pelos eleitores.
    Se não vejamos: os candidatos que se lhe opunham não fizeram uso do mesmo recurso?
    Havia mais notícias "favoráveis" a um que a outro?
    Se nada disto for provado - e ainda o não foi, tanto quanto julgo saber -, não faz sentido a alegação de que não teve campanha nos media convencionais mas "recorreu em larga escala às redes sociais" ("ao contrário dos seus oponentes", só faltava acrescentar... Para a coisa ficar completamente cómica.).

    Seja como for, agradeço e retribuo os votos de bom ano já aqui formulados pelo JSP.
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    Pedro Correia 02.01.2019

    Este dado estatístico é muito relevante: foi precisamente por via dos novos sistemas de telecomunicações, largamente difundidos no Brasil, que Bolsonaro fez divulgar a sua mensagem. Isto porque - como refiro no texto - praticamente não dispôs de tempo de antena nas televisões devido às regras eleitorais ali vigentes: tinha apenas nove segundos.
    https://renovamidia.com.br/estrategia-de-bolsonaro-para-aproveitar-nove-segundos-na-tv/

    Obrigado pelos seus votos. Bom ano também para si.
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    Carlos Gonçalves 02.01.2019

    Peço-lhe perdão na insistência - convirá que a culpa não será toda minha: não, não é relevante.
    Os outros candidatos fizeram rigorosamente a mesma coisa no que se refere ao uso "dos novos sistemas de telecomunicações".

    O que se tenta fazer crer pelo que se vai escrevendo era que o homem devia ficar completamente mudo.
    Insinua-se que há uma espécie de batota porque o homem comunicou duas ou três coisas aos eleitores. E isto é... cómico.
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    Pedro Correia 02.01.2019

    Eu não insinuei nada disso. Referi um facto: quase sem vias de acesso aos meios de comunicação clássicos, sobretudo a televisão, o candidato investiu tudo nas comunicações alternativas. Que têm hoje um peso inegável na sociedade brasileira.
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