Férias sem testes nem máscaras
Praia de Burgau
Na praia do Camilo
Enfim "desconfinado" (um dos nossos habituais eufemismos em jeito português suave), escolhi local de férias.
Dei prioridade aos Açores: quero conhecer a ilha de Santa Maria, antigo sonho meu, reforçado pela leitura recente de Crime em Ponta Delgada, romance (que recomendo) do meu amigo Francisco José Viegas. Azar: logo se lembrou o Governo Regional presidido pelo socialista Vasco Cordeiro de decretar testes obrigatórios ao novo coronavírus a todos os passageiros desembarcados do continente. Alguns destes supostos "empestados" chegaram a permanecer três dias compulsivamente encerrados em quartos de hotel em Ponta Delgada, sem possibilidade de rumar a outras ilhas, enquanto aguardavam os resultados dos testes.
Mudei de planos. E olhei então para a Madeira, mais concretamente para Porto Santo - onde existe uma das cinco ou seis mais belas praias portuguesas. Só lá estive uma vez, há mais de uma década: seria a ocasião ideal para regressar. Mas também aqui tudo se alterou: o Governo Regional presidido pelo social-democrata Miguel Albuquerque lembrou-se então de decretar o uso obrigatório da máscara nos espaços públicos do território insular, incluindo os que desfrutamos ao ar livre. Alguém com um módico bom senso vai de férias para andar o tempo todo de máscara arriscando pagar multas de 30 euros por ser visto sem ela? Não conheço ninguém, com excepção do Presidente da República, mesmo que tal medida - nunca aplicada no continente - suscite polémica entre os constitucionalistas.
Desisti, portanto. Vim para o Algarve, sem testes nem máscara ao ar livre. Um Algarve muito mais "desconfinado" do que o de 2019. Com muito menos turistas estrangeiros, alguns quase de todo ausentes - como os ingleses, os norte-americanos ou os canadianos. Mas, até por isso, com preços mais convidativos e mais espaço para manter distância física (não "distanciamento social", expressão absurda, que não é nem jamais pode ser regra sanitária) em relação a vizinhos de hotel, de apartamento, de praia ou de piscina.
Fixei-me em Lagos. E tenho andado pelas praias das imediações, com destaque para a belíssima Burgau, que nos sugere um recorte da costa adriática. Mas também a praia do Camilo, com restaurante acoplado. E, claro, a icónica Meia Praia, onde há sempre lugar para todos - é de uma extensão só comparável a Montegordo ou ao quase vizinho Alvor.
Isto sim, é "desconfinamento". Enquanto o senhor Cordeiro e o senhor Albuquerque, regedores das ilhas, desesperam com falta de turistas, incluindo os continentais: só podem queixar-se deles mesmos. Que lhes faça bom proveito.
Lagos ao anoitecer