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Delito de Opinião

Férias da Páscoa

Teresa Ribeiro, 06.04.15

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"Pai! Pai! Pai!" Era uma urgência, um clamor, mas sobretudo uma disputa com a irmã, pouco mais velha, talvez com uns nove anos. De temperamento menos nervoso, ataviada com a roupa de sair com o pai, a menina falava baixinho. Tão baixinho que o pai tinha de se curvar até quase roçar a cabeça dela. "Hã? Repete lá!" Em volta o miúdo sitiava-os, inventando números de circo. "Não te pendures aí, podes cair!" A voz do adulto saía controlada. Era a voz de passear os filhos em público.

"Pai! Pai! Pai!" E agora abanava-o, para o desviar dos sussurros da irmã. Mas a menina ignorava-o, prosseguindo a sua história interminável em surdina. Sem nunca perder a consciência de que estava a ser observado por estranhos, o homem tentava partir-se em dois, evitando acusar sinais de impaciência. Os garotos, também sem perder a consciência de que estavam a ser observados por estranhos, tentavam tirar o máximo partido da situação, esticando-o como se fosse uma corda. Cada um a puxá-lo pela sua ponta e um risco ao meio do terreno.

- Pai! Pai! Pai!

- Não grites, não vês que incomodas as pessoas?

Sempre em tom civilizado, desta vez com a menina a prender-lhe a cintura, tentava acalmar o filho, mas este continuava num desatino, a lutar contra o tempo, porque o comboio estava a chegar e antes que viesse ele queria, mais que tudo no mundo, ele queria, queria, queria que o pai o visse.

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