Férias
Já tive férias que começaram com melhores auspícios. Ontem, ao chegar perto da VCI, vindo de Guimarães, via-se a cauda da interminável fila em direcção à ponte do Freixo. Acontece cada vez mais, aquele acesso está à espera de uma obra que corrija o erro do previsível estrangulamento que a obra original provocou. Esperto como sou, resolvi ir pela Arrábida, razão pela qual andei no pára-arranca durante quase duas horas.
Ao chegar à Arrábida, percebi: estavam dois ou três operários a trabalhar na junta de dilatação da ponte, devidamente enfarpelados em amarelo, e quatro ou cinco fiscais, ou engenheiros, mais o carro da GNR e os respectivos agentes. A proporção usual, portanto nada a dizer.
Sucede que das três faixas estavam interrompidas duas. Aparentemente, não ocorreu nem ao dono da obra, nem ao responsável local, nem aos prestimosos agentes da ordem, que interromper desnecessariamente (porquê duas em três e não uma em três; porquê de dia e não de noite), em horas de grande circulação, um eixo viário daqueles, justificaria que, sem danos físicos permanentes (sou um defensor estrénuo da moderação em matéria penal) o dono da obra, o responsável, os agentes da GNR – se não denunciaram o caso superiormente – fossem objecto de um mínimo de dez chibatadas.
Antes de chegar à VCI, na A3, há daqueles pórticos luminosos em que se prodigalizam conselhos inanes das autoridades sobre incêndios, a Covid, a velocidade e mais um par de botas, igualmente cambadas pelo uso e pela justificada indiferença das pessoas.
O que não havia era informação sobre um facto simples: a ponte da Arrábida estava em obras; pelo lado do Freixo havia um considerável atraso; há um percurso alternativo, para quem queira ir para Sul, que nasce da portagem da Maia e passa o Douro em Crestuma. Se os senhores condutores se quisessem poupar aumentos da tensão arterial, e reforço da sua justificada aversão aos poderes públicos, não tinham mais do que ir por aí.
Razões pelas quais, depois de madura consideração, e passado mais de um dia para efeito de arrefecimento de uma exaltada indignação, me vejo na contingência de alargar a penalidade sugerida de dez para quinze chibatadas, incluindo na justa sanção o treteiro que faz a gestão dos pórticos informativos e, já agora, o presidente da Câmara do Porto, como responsável máximo local, pelo menos naquela embrulhada indigna da VCI que fica pertíssimo do seu tão estimado Dragão.