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Delito de Opinião

Falta de respeito

Sérgio de Almeida Correia, 04.07.14

O Expresso, semanário que muito prezo, anuncia a republicação integral de um texto que Sophia escreveu para aquele jornal nos idos de 1975. Por "republicação integral" eu entendo a republicação de uma obra na sua versão original, tal qual como conheceu a vida. Mas a primeira coisa que reparo é que na anunciada republicação aparece escrito "ato de criação", "ato de liberdade", "abstrata", "mundo atual", "25 de abril", "atividade"...

Que eu saiba, Sophia nunca escreveu nos termos do Novo Acordo Ortográfico. Nunca lhe foi perguntado se queria escrever nos termos do "acordês". E considero uma barbaridade reescrever ou republicar textos à luz desse documento profundamente demagógico. Não se respeita a integralidade do texto original, não se respeita a verdade histórica e manipula-se o texto em termos políticos e culturais.

Como nesse texto também se escreveu "a demagogia é a arte de ensinar um povo a não pensar". Espero que não se atrevam a fazer o mesmo aos textos de Vasco Graça Moura que daqui a uns anos resolvam "republicar".

2 comentários

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    gtu 09.07.2014

    Ora vejamos, Shakespeare e Camões coexistiram por algum tempo (de 1564 a 1580).
    O mundo anglo-saxão que estuda Shakespeare nas aulas do secundário usa uma versão com a ortografia de 1650 +-.
    Isto é, Shakespeare é republicado diariamente em todo o mundo numa ortografia com 350 anos. E no Zimbabué há, até, um Festival Shakespeare que movimenta milhares de jovens (deve haver algo de semelhante no Brasil, um festival Camões e representações de el-rei Seleuco - nem outra coisa seria de esperar num país tão dado às coisas da cultura).

    A ortografia do português de Camões - não confundir ortografia com as fontes tipográficos (diferentes) pouco mudou.

    A leitura de livros na ortografia da época (pratica comum no 1º mundo) dá-nos um conhecimento mais aprofundado da língua, acrescentando ao leitor o conhecimento e a descoberta da sua história.

    Por isso, e querendo caminhar no sentido do 1º mundo e não da favela cultural, não se percebe a pergunta.
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