Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Falar claro sobre eutanásia

Teresa Ribeiro, 04.02.17

eutanasia.jpg

 

Tenho observado que quem argumenta contra a eutanásia tende a iludir três questões:

1. Ninguém obriga ninguém a fazê-lo. Tal como no caso da IVG, os profissionais de saúde que sejam contra têm o direito de se recusar a colaborar.

2. A decisão é do doente (e só considerada se reconhecidamente ele está de posse de todas as suas capacidades mentais)

3. Os casos em que a eutanásia é aplicável serão, naturalmente, objecto de rigorosa regulamentação, pelo que não se coloca a questão de tal servir para facilitar suicídios de pessoas que estão, por exemplo, simplesmente com uma depressão. 

Toda a argumentação que contorne estas três premissas não me parece intelectualmente honesta.

3 comentários

  • Imagem de perfil

    Teresa Ribeiro 04.02.2017

    Plínio:
    Dúvidas práticas e começando pelo último ponto: não sou jurista, mas constato que se a IVG não foi considerada inconstitucional, então a eutanásia também não será.
    Esse argumento de que não se pode aferir em rigor do estado mental de uma pessoa é falacioso. Acresce que neste caso no que diz respeito às circunstâncias em que a pessoa se encontra não há subtilezas: ou a situação de sofrimento extremo e irreversível é clara, ou então a possibilidade de fazer eutanásia está fora de questão.
    Muitas leis são sujeitas a interpretações diferentes. Não é por isso que se deixa de legislar. A regulamentação serve para as clarificar. Neste caso o facto de o acto depender de circunstâncias extremas - facilmente aferíveis até por leigos - facilita tudo, portanto também considero falacioso esse fantasma da "interpretação da lei" que habitualmente se agita quando se argumenta contra a eutanásia.
  • Sem imagem de perfil

    Plinio 04.02.2017

    A questão do aborto e não inconstitucionalidade é um pouco diferente, já que o feto não é considerado igual a ser humano completo e com vida. E salvo o devido respeito a questão da interpretação não se resolve com regulamentação. Resolve-se com a aplicação prática feita por pessoas com interpretações muito diferentes baseadas em diferentes convicções. Portanto não se venha com o fantasma. Não estamos a legislar sobre garantias de bens ou sequer sobre questões financeiras mas sim sobre a possibilidade da eutanásia. Todos os cuidados são poucos. Independentemente disso sendo feita a lei e sendo a mesma constitucional aplique-se.
  • Comentar:

    Mais

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog tem comentários moderados.