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Delito de Opinião

Facto nacional de 2024

Pedro Correia, 15.01.25

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CRISE NO SNS

Podia ter sido noutro ano, pois já vem de longe. A crise no Serviço Nacional de Saúde foi destacada, pelos autores do DELITO DE OPINIÃO, como Acontecimento Nacional de 2024 pelo impacto que teve junto de um número crescente de portugueses - e até de cidadãos estrangeiros residentes no nosso país. Num ano em que o Instituto Nacional de Emergência Médica teve três presidentes sucessivos.

Houve demissões em cascata de conselhos de administração de unidades locais de saúde. O Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta foi exonerado em Setembro. No mês seguinte, demitiram-se o director de cirurgia e outros dez cirurgiões do Hospital Amadora-Sintra. Em Dezembro, o director do serviço de urgência do Hospital São Francisco Xavier saiu a seu pedido. Já em Abril, havia saído o próprio director-executivo do SNS, Fernando Araújo.

«Se não foi fácil erguer o SNS, mantê-lo e geri-lo condignamente está a pôr à prova não apenas os governos, mas diferentes níveis de administração, grupos profissionais e  autarquias.» Observação certeira de alguém que assumiu esta opção de voto.

Outro membro do DELITO foi mais longe: aludiu a crise endémica dos serviços estatais. Especificando: «Não é só o SNS que recebemos minado: são também os muitos meses de espera por uma junta médica; os meses de espera para quem se pretende reformar; os serviços do Ministério da Educação que são incapazes de fornecer números fiáveis; os transportes públicos que continuam pouco dignos de confiança (o jornalismo não parece interessado em investigar seriamente o estado actual do Metro e da Transtejo, tendo mesmo de ser um presidente da Câmara a reportar aos jornais a bandalheira dos barcos eléctricos); as forças policiais em conflito entre si; etc.»

 

Com sete votos, apenas menos um do que o acontecimento mais destacado, foi mencionado o novo ciclo político ocorrido com as eleições legislativas de 10 de Março e a formação do executivo minoritário da AD liderado por Luís Montenegro.

«Pela primeira vez em muitos anos a esquerda é minoritária na Assembleia da República, o que coincidiu com o fim do ciclo de mais de oito anos de governação PS», observou alguém.

 

Outros factos ou percepções, cada qual com um voto. Passo a enunciá-los para ficarem lavrados em acta como sempre sucede, ano após ano, no nosso blogue:

- Aprovação do Orçamento do Estado, em 29 de Novembro, contrariando muitas previsões que davam como garantido o chumbo parlamentar deste instrumento essencial à governação do País.

- A contínua emigração de jovens, que vai adquirindo «contornos de calamidade».

- Os distúrbios nas imediações de Lisboa, na sequência da morte do caboverdiano Odair Moniz, a 21 de Outubro, por revelarem «tensões sociais e de inspiração racista que devem merecer toda a atenção».

- A queda de Pinto da Costa, «com as consequências desportivas e penais que isso implica», após 42 anos de poder absoluto no comando do FC Porto.

- A confirmação da mediocridade da elite política, «o que só agrava a resolução dos problemas nacionais».

 

Participaram na votação 18 membros do DELITO. Como sempre acontece, cada um pode votar em mais de um tema ou em nenhum, se assim o entender.

 

Facto nacional de 2010: crise financeira

Facto nacional de 2011: chegada da troika a Portugal

Facto nacional de 2013: crise política de Julho

Facto nacional de 2014: derrocada do Grupo Espírito Santo

Facto nacional de 2015: acordos parlamentares à esquerda

Facto nacional de 2016: Portugal conquista Europeu de Futebol

Facto nacional de 2017: Portugal a arder de Junho a Outubro

Facto nacional de 2018: incúria do Estado

Facto nacional de 2019: novos partidos no Parlamento

Facto nacional de 2020: o vírus que nos mudou a vida

Facto nacional de 2021: vacinação em massa

Facto nacional de 2022: o regresso da inflação

Facto nacional de 2023: queda do governo de maioria absoluta

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