Facto internacional de 2020
PANDEMIA DE COVID-19
Um obscuro vírus surgido no final de 2019 num mercado da República Popular da China - em contexto de péssimos hábitos de higiene, práticas arcaicas, deficiente supervisão e total falta de transparência política e administrativa - transbordou das fronteiras do país e contaminou o mundo. Exibindo a face mais negra da globalização: a que aproxima populações inteiras e une continentes pelos piores elos: os da doença e da morte.
Chegada em final de Janeiro à Europa, a pandemia de Covid-19 - assim declarada, de forma tardia, pela Organização Mundial de Saúde só a 11 de Março - causou até ao fim do ano 85 milhões de infecções e provocou 1,8 milhões de mortos. Deixando evidente o péssimo tratamento que países supostamente evoluídoas dão aos seus cidadãos mais velhos, recolhidos em depósitos a que só por ironia macabra podemos chamar "lares".
Tem sido este, de longe, o segmento social mais atingido pelo novo coronavírus - pessoas que se situam à margem dos discursos oficiais e das respostas dos governos, tratadas como se já sobrassem na sociedade ainda em vida.
Este foi o Acontecimento internacional de 2020, assim considerado por 16 dos 21 autores do DELITO DE OPINIÃO que participaram nesta escolha.
Mesmo outros temas também destacados acabam por se relacionar com este. Foi o caso da descoberta da vacina anti-Covid, que mereceu três votos do colectivo "delituoso". Aprovada e difundida «num prazo inacreditavelmente curto», comprova a existência de uma «maciça cooperação científica mundial», como sublinhou um dos colegas de blogue.
Houve ainda votos isolados na "bazuca" europeia - espécie de Plano Marshall aprovado na UE para tentar reerguer as economias abaladas pelo coronavírus no espaço comunitário - e na redução abrupta das ligações aéreas, à escala global, no ano em que o mundo voltou a ser composto por lugares longínquos e distantes. Algo inimaginável a 1 de Janeiro de 2020, comprovando como é sempre arriscado o exercício de fazer previsões.
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