(Euro)peu
O Europeu de Futebol, com as suas emoções, é uma -- mais uma, mas bastante elucidativa -- demonstração de que a Europa é feita de nações com histórias, culturas, emoções e percursos próprios. Cada nação a sofrer pelo seu país, a criticar a selecção do lado, a orgulhar-se do seu trajecto, chamando pelos seus, chorando com os seus. Não há qualquer problema nisso, é o que nos sai com naturalidade, sem maldade. E talvez devêssemos prestar mais atenção a essa demonstração, porque ela diz muito de nós, das nossas circunstâncias.
Só um totalitarismo poderá impedir essa diversidade de percursos, ou pelo menos a sua manifestação. Só uma ditadura nos impedirá de nos sentirmos mais portugueses do que qualquer outra nação a competir pelo título. Só coagidos nos esqueceremos de aplaudir e chorar os nossos golos e as nossas falhas.
Qualquer projecto político ou institucional europeu que não dê conta dessa diversidade, que a não integre no seu processo decisório, que não faça dela um activo, só encontrará problemas e criará outros tantos. É evidente que estas nações se unem por valores comuns, e que partilham muito do que as fez sobreviver num Mundo que viu tantos apogeus e tantos declínios. Mas essa partilha, genuína, nunca as fez perder essa individualidade.
Num momento em que a Europa enfrenta tantos desafios, talvez fosse bom olhar para o Europeu com olhos de ver.