EUA: as cinco eleições mais renhidas
John Kennedy e Richard Nixon: apenas 120 mil votos os separaram nas presidenciais de 1960
Estas foram as cinco eleições presidenciais mais renhidas nos EUA até hoje, com desfechos decididos à tangente e por vezes envoltos em enorme polémica:
1824
Primeira corrida presidencial norte-americana em que o vencedor acabou por não ser o mais votado. Outras quatro se seguiram: a mais recente aconteceu em 2016, quanto Donald Trump saiu eleito. John Quincy Adams - à época secretário de Estado - triunfou sem maioria nas urnas, obtendo apenas mais um delegado no colégio eleitoral. Num escrutínio inicialmente inconclusivo, com desfecho transferido para a Câmara dos Representantes, ao abrigo da 12.ª emenda constitucional, e entre alegações de fraude. O general Andrew Jackson, derrotado, viria a desforrar-se quatro anos depois, ao vencer Adams. Curiosamente, militavam ambos no há muito extinto Partido Democrático Republicano.
1876
Dois governadores opuseram-se nesta disputa eleitoral: o republicano Rutherford Hayes, do Ohio, e o democrata Samuel Tilden, de Nova Iorque. O escrutínio foi marcado por duras acusações mútuas de fraude e o apuramento dos votos arrastou-se de Novembro de 1876 a Março de 1877. Só ficou decidido após controversa deliberação das duas câmaras do Congresso. Tilden (50,9%) obteve maior percentagem do que Hayes (47,9%) e mais 250 mil votos populares. Mas o republicano, tendo eleito só mais um delegado (185-184), conseguiu vencer. Sem convencer.
1880
Foi a primeira eleição presidencial após o longo período de Reconstrução na metade Sul do país iniciado com o fim da guerra civil, em 1865, e prolongado até 1877. Numa época em que havia muito menos eleitores e até menos estados do que hoje, impôs-se nas primárias republicanas o congressista James Garfield. Derrotou nas urnas, por uma unha negra, o democrata Winfield Scott Hancock, general unionista e herói nos campos de batalha. Apenas 1898 votos os separaram na eleição directa: o vencedor recolheu 48,3% dos sufrágios, só uma décima acima do rival. Nunca houve diferença tão ínfima na história das corridas à Casa Branca.
1960
Depois de derrotar Hubert Humphrey e Lyndon Johnson nas primárias, o senador John Kennedy emergiu como candidato do Partido Democrata. Enfrentou nas urnas o republicano Richard Nixon, que durante oito anos fora destacado membro da administração Eisenhower, como vice-presidente. Houve apenas cerca de 120 mil votos a separá-los num escrutínio que mobilizou 68,8 milhões de norte-americanos. Kennedy (49,7%) venceu por 303-219 no colégio eleitoral. Mas Nixon (49,6%) sagrou-se vencedor em mais estados: 26 contra 22.
2000
Jamais uma disputa em era contemporânea foi tão acesa como a que opôs o republicano George W. Bush (47,9%), governador do Texas, ao democrata Al Gore (48,4%), vice-presidente dos EUA. A tal ponto que, tendo ocorrido a 7 de Novembro, só cinco semanas depois seria proclamado o vencedor: Bush triunfou no colégio eleitoral com 271 votos contra os 266 de Gore, registando-se imensa polémica em torno do apuramento dos resultados na Florida, estado governado por Jeb Bush, irmão de George. A questão subiu ao Supremo Tribunal, mas Gore recusou prolongá-la, reconhecendo a derrota a 13 de Dezembro. No entanto, recolheu mais cerca de meio milhão de votos: pela primeira vez desde 1888 um presidente era eleito sem maioria de apoio popular.