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Delito de Opinião

Esquerda-cigarra e PS-formiga

Pedro Correia, 18.04.16

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Acabou o tempo da retórica frentista: a necessidade de cumprir o Pacto de Estabilidade e Crescimento porá à prova a estabilidade da precária e conjuntural maioria de que António Costa ainda dispõe no Parlamento - maioria que aliás se dissolveu já na votação do orçamento rectificativo destinado a concretizar o processo de resolução do Banif.

A deliberada rispidez de Catarina Martins, interpelando cinco vezes Costa em tom crispado no debate quinzenal da passada sexta-feira, prenuncia novos ventos. Que soprarão cada vez com mais força caso se confirmem as exigências adicionais da Comissão Europeia hoje divulgadas no Correio da Manhã: veto ao aumento do salário mínimo para 600 euros até 2019 e chumbo da semana laboral de 35 horas na administração pública, por exemplo. Além de um "ajustamento orçamental" que possibilite a redução de 0,6% do défice português. Isto enquanto aumentam os juros da dívida e o FMI antecipa uma significativa redução das receitas fiscais anunciadas para 2016.

O colete que Bruxelas quer ver ainda mais apertado, somado à degradação acelerada do nosso frágil sistema financeiro e aos alertas que sucessivas entidades - como a OCDE e a Universidade Católica - vêm lançando como duche frio nas risonhas previsões do ministro Mário Centeno, não augura nada de bom para a saúde da esdrúxula coligação formada em Novembro. Uma coligação parlamentar de três partidos e um apêndice em que apenas o PS-formiga assume responsabilidades governativas enquanto a esquerda-cigarra vai mandando bitaites, replicando os treinadores de bancada.

Este é o dilema estratégico que Costa deverá defrontar a curto prazo: ou alarga o elenco governativo a esses partidos, forçando-os a um grau de compromisso muito maior do que o actual, ou não tardará a reviver os dias agrestes de José Sócrates no malogrado biénio 2009-11 - que acabou como sabemos. Entre este penoso cenário e a nada invejável hipótese de tornar-se o Tsipras português, resta-lhe uma via estreita e sinuosa. Mas é preferível que comece a trilhá-la desde já.

 

Leitura complementar: Notas políticas (7)

13 comentários

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    Pedro Correia 18.04.2016

    Se um salário mínimo de 600 euros é "desumano", o que dirá você do salário médio em Cuba, que é inferior a 15 euros?
    http://www.abc.es/internacional/20140619/abci-salario-medio-cubano-sube-201406181909.html
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    Anónimo 18.04.2016

    Não compare Cuba a Portugal porque está a ser desonesto e mostra o quanto o ser humano é mau. Em Cuba têm senhas para comprar bens essenciais e devido a essa maldade, têm um embargo há anos que não lhes dá acesso, a tudo aquilo que nós temos e eles não. Se acha bom um salário de 600€ comece a pensar viver com ele e dispense o resto a quem vive mal e depois diga que tal a qualidade de vida. Em vez de dar o exemplo de Cuba porque não deu o da Irlanda? Esses tiveram a Troika e a ineficaz Troika, nunca lhes impôs o que nos impôs a nós. Não impôs porque ao contrário de nós, eles olham pelo seu povo, nós estamos sempre a espezinhar. Só seremos pessoas de bem se quisermos que o outro, aquele que nada tem, tenha a possibilidade de ter uma vida digna, se assim não for, não passaremos de simples criaturas que de bom pouco temos.
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    Pedro Correia 18.04.2016

    Você critica um salário mínimo de 600 euros e elogia um salário médio de 14 euros. Só porque este último vigora num país governado há 57 anos por um partido que professa a sua ideologia. Partido único, pois nenhum outro é ali autorizado.
    O pior cego é sempre aquele que não quer ver.
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    Anónimo 19.04.2016

    Esse país é governado, por quem os cubanos querem e nem eu, nem o Pedro, temos nada a ver com o que eles querem, mas os poderosos têm o direito de lhes embargarem tudo e mesmo assim, eles não se vergam aos soberanos e poderosos. Eu não elogio o salário médio de 14 euros, constatei factos, coisa que o Pedro não faz, mas adora fazer os outros de parvos, levando o assunto, para onde quer, para se desviar do assunto em questão. Eu não professo essa ideologia e se a professasse não teria o menor problema em dizê-lo aqui, ou onde fosse, mas não professo. Ao contrário do Pedro eu, não tenho medo dos comunistas, não comem nada nem ninguém. Não desvie o assunto para Cuba que não tem nada que vir para aqui. Aqui, estão em causa 600€ de salário mínimo que o Pedro Correia acha muito, mas de maneira nenhuma diz que renuncia ao seu e dá o restante, aos que o queriam e não têm. Os dos 600€, são seres humanos e tal como o Pedro, eu e outros que por aqui andam, têm os mesmos direitos em comer, beber, vestir, rir, sonhar, ir ao dentista, comprar óculos, ir a clínicas privadas, tudo aquilo que não podem fazer porque os 600€ não dão para tal. Imagine com menos, a vida desses iguais a nós, mas que não o são porque esta sociedade, está toda destorcida e corrupta. Repito-lhe: só seremos pessoas de bem se quisermos que o outro, aquele que nada ou pouco têm, tenham a possibilidade de ter uma vida digna. Se assim não for, não passaremos de simples criaturas que de bom pouco temos.
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    Pedro Correia 19.04.2016

    "Os comunistas não comem nada", sustenta você. Em Cuba, muitos membros do Partido Comunista devem comer muito pouco, de facto: como comer muito com menos de 15 euros por mês?
    Talvez isto explique o facto de o partido único cubano ter perdido 671.344 filiados, como revelou o próprio ditador de Cuba, general Raúl Castro, no discurso da sessão inaugural do congresso do PCC, sábado passado.
    E só mesmo um crente cego no decrépito sistema político cubano pode escrever, como você escreveu, que "esse país é governado, por quem os cubanos querem".
    O país é (des)governado por quem os cubanos não querem. Desde logo porque não há lá eleições democráticas há mais de 60 anos. A única alternativa que têm é Castro... ou Castro. Um país castrado, portanto.
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    Anónimo 19.04.2016

    Desculpe, mas revela uma ignorância grande e para um jornalista, é grave porque não informa, desinforma. Devia saber, mas não sabe que os 15€ são para comprar outros bens que não os essências porque para esses têm senhas, senhas essas que pagam esses bens. Diz-se e contradiz-se, se o próprio Raul diz que perdeu 671.344 cubanos, veja os papões do regime que deixaram de ter esses filiados no partido. Isto revela que afinal, eles não obrigam ninguém ao que não querem e deixam que se faça o mesmo que se faz cá e noutros países que quando não se quer estar filiado, não se está. Em Cuba não há eleições democráticas, cá e por aí, as eleições são democráticas e nós e os outros, estamos a votar sucessivamente em incapazes e corruptos que tudo fazem para o sucesso dos grupos económicos, agências de rating...e o povo que se lixe e quando aparece um governo que quer inverter essa situação, tudo fazem para o derrubarem. Veja a nossa democracia como ela anda... Se os cubanos não quisessem o governo que têm, já se tinham revoltado, mas não, não se revoltam e um povo que não se revolta, por ser maltratado ou são todos tolos ou não têm razões para isso. Quando não tem respostas para o nosso mal, vai sempre parar a Cuba, é o seu mal porque não discute o que deve e foge para discutir o que não sabe. Cuba é maltratada por todos que lhe impuseram um embargo de que são vítimas, há muitos anos. Cada povo tem de ter o governo e o regime que quiser e nós, não temos nada a ver com isso. Eles têm um país castrado, o Iraque tem um país destruído porque os democratas mentirosos o destruíram e agora quando pedem ajuda para fugirem a uma morte anunciada, nós os democratas fingidos não os queremos.
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    Pedro Correia 19.04.2016

    Você começa por criticar duramente a União Europeia e termina com uma defesa calorosa de Cuba que já nem muitos comunistas subscrevem. Defende portanto um sistema onde não há liberdade de reunião, de associação, de manifestação. Um sistema de partido único que se confunde com o Estado, onde não existe separação de poderes, nem liberdade de imprensa, nem direito à greve, nem eleições livres. Um sistema dominado desde 1959 por dois irmãos - um que tem hoje 89 anos, outro com 84 anos. Um sistema que, 57 anos depois, legou a Cuba um salário médio inferior a 15 euros mensais.
    Extraordinário.
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    Anónimo 19.04.2016

    Repito-lhe porque insiste em não ler ou não percebe o que lê. " se os cubanos não quisessem o governo que têm, já se tinham revoltado, mas não, não se revoltam e um povo que não se revolta, por ser maltratado ou são todos tolos ou não têm razões para isso". Não defendo calorosamente Cuba, mas digo aquilo que na realidade é. O Pedro é que defende calorosamente a UE, mesmo sabendo que está a funcionar muito mal, mesmo sabendo de toda a corrupção que por aqui circula, mesmo sabendo o que se passa com os refugiados, mesmo sabendo como nos obrigaram a sacrifícios enormes e que essa ajuda, só nos ajudou a aumentar a nossa dívida. Dê as desculpas que quiser porque enquanto não me mostrar que a UE se porta com rectidão, com todos, que não autoriza leis que beneficiam uns países e prejudicam outros, dentro da mesma UE que castiga os corruptos que obriga todos os países a cumprir as regras da UE, no respeitante aos refugiados e que ajudam os países em dificuldade, tal como todos ajudaram a Alemanha, pode desculpar a UE o que quiser, mas essa UE que tanto elogia, não merece esses elogios, mas merece a reprovação de todos nós. A UE não está a ser exemplo para nada nem ninguém e começa a dar sinais de muito mau exemplo, para outros que quisessem seguir o seu exemplo, duma Europa que sonhou formar uma CEE para ajudar os países mais pobres.
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    Pedro Correia 19.04.2016

    Raciocínio típico dos defensores das ditaduras. E que justifica, por exemplo, 40 anos de regime salazarista: "Se os portugueses não quisessem o governo que tinham com Salazar, já se tinham revoltado, mas não, não se revoltaram e um povo que não se revolta, por ser maltratado ou são todos tolos ou não têm razões para isso".
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    Anónimo 19.04.2016

    Esse raciocínio é o seu que não deve andar por cá e para si, isto está tudo perfeito. Como não somos tolos e não gostávamos do regime, pusemos esse regime fora. Tão simples quanto isto.
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    Pedro Correia 19.04.2016

    Você pôs o regime fora? Deve ter sido isso, está-se mesmo a ver. De armas na mão contra a PIDE. E afinal defende a PIDE cubana.
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    Anónimo 19.04.2016

    É isso tudo. Tal qual.
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