Entrava pelos olhos
"Dá ideia de que o número de 64 mortos não era suficiente. É uma coisa perfeitamente impensável que nos últimos dias se tenha alimentado esta discussão, que ainda por cima era assente numa especulação, (...) especulação que nos últimos dias foi sendo alimentada pelos partidos da oposição. (...) De facto, é surrealista a oposição achar que nos tempos que correm, como dia Marcelo Rebelo de Sousa, numa país que é democrático, não pode ser comparado, como muitas pessoas têm feito, com as cheias de 65 [67]. Nós não vivemos no Estado Novo, vivemos numa democracia (...). Não faz sentido nenhum pensar que o Governo tinha uma lista escondida de mortos. (...) Então quantos mortos é que o PSD precisava para levar o caso à Assembleia da República para ter o seu debate urgente? (...) É isso que o PSD e o CDS estão a discutir? Eu acho que o Governo cometeu muitos erros (...). O Governo pode ter errado, mas a oposição consegue, é uma habilidade deles, não capitalizar com os erros do Governo, embora este caso não se preste a capitalizações. E é nisto que eu acho que o PSD e o CDS cometeram um erro de morte, que é pensar que podiam ter tido vantagens partidárias de uma tragédia destas. (...) É errado do ponto de vista ético e político. (...) É o grau zero da política."