Enjoo selectivo, mesmo muito selectivo
O enjoo causa um tremendo transtorno. Sobre ele, os homens do mar dizem que nas primeiras 24 horas de enjoo tem-se a sensação de que se vai morrer e que, passado esse período de tempo, em vez de se sentir que se vai morrer, passa-se a lamentar que tal ainda não tenha acontecido.
Foi com isto em mente que li as declarações do eurodeputado Pedro Marques relativas ao escândalo de corrupção de Eva Kaili, já designado como Qatargate. Confesso que fiquei preocupado o bem-estar do cabeça de lista pelo PS às Europeias.
Pedro Marques afirma-se “enjoado” com o facto de a sua colega Eva Kaili estar envolvida neste escândalo. Importa salientar que a deputada grega terá perdido a respectiva imunidade parlamentar por ter sido apanhada em flagrante, isto é, com vários sacos cheios de dinheiro na sua residência.
O nosso ex-colega bloguer no Câmara Corporativa diz que, ele e os seus colegas socialistas europeus, sentem-se “furiosos com esta situação”. Acrescenta ainda que “eu pessoalmente estou enojado com a situação. É demasiado mau”.
Pelo que leio nas notícias, Pedro Marques não disse nada sobre o direito à presunção de inocência, nada parecido com “à justiça o que é da justiça” nem nenhuma das balelas a que o PS nacional recorre sempre que mais algum dos seus é apanhado nas malhas da lei.
Estou certo que nem mesmo que se venha a descobrir que o transportador das notas se chamava, por exemplo, Giánnis Kními (Γιάννης Κνήμη), nada disso será suficiente para lhe encolher o enjoo, nem mesmo para ter noção do nojo que causa a quem, inocentemente, apenas gosta de andar informado.