Engonhas, sovinas ou caloteiros?
(créditos: foto daqui)
A notícia de que o PCP, à semelhança de qualquer mau patrão capitalista, não cumpre as suas obrigações para com os trabalhadores ao seu serviço não é nova, não obstante ser lamentável que um partido que se reclama dos trabalhadores e está sempre a atacar as grandes empresas, os capitalistas, o patronato em geral, de cada vez que tem um problema laboral com os seus próprios trabalhadores se remeta ao silêncio.
Com o património imobiliário que tem, beneficiando de isenções fiscais que há muito deviam ter terminado em relação a todos os partidos políticos, recebendo as subvenções a que por lei tem direito e com os lucros que também obtém da sua actividade empresarial, o mínimo que seria de esperar era que não se comportasse da maneira que o faz, fugindo às suas responsabilidades, não pagando contribuições obrigatórias por lei, de valor irrisório, e fazendo propostas manhosas, de "legalidade duvidosa", como referiu o advogado da queixosa.
Em suma, prejudicando quem para si trabalhou, mostrando falta de seriedade e de carácter, comportando-se como um desses vulgares caloteiros que contratam mão-de-obra no exterior em regime de semi-escravidão a redes mafiosas para também não terem responsabilidades, não fazendo os descontos devidos, não pagando o que deve, prejudicando os trabalhadores e o Estado.
E se as coisas funcionam assim em relação a uma ex-dirigente que até foi deputada, agora imagine-se como será o tratamento em relação a outros trabalhadores de estatuto inferior. Aos que não têm voz, "às vítimas da fome" que não têm um Garcia Pereira que os defenda.
Enfim, olhando para este caso também se percebe o incómodo que é dizer alguma coisa sobre a situação dos trabalhadores na China ou em Macau e a ausência de direitos – como o direito à greve ou à contratação colectiva, por exemplo – que em Portugal são considerados sagrados pelo PCP e vistos como "conquistas irreversíveis dos trabalhadores". É, irreversíveis dos trabalhadores dos outros, não dos deles.
Por isso a luta é contra o roubo e a exploração dos trabalhadores dos patrões vizinhos, não dos próprios. É bom que no Brasil também o saibam.
Uma miséria.