Em nome do Papa
Este ano, rompendo um hábito antigo, farei férias em Agosto. Quero fugir de Lisboa - já hoje quase intransitável - na altura da grande enchente que se anuncia com a Jornada Mundial da Juventude.
Procuro o mesmo hotel onde fiquei no Verão passado, à beira-mar, a cerca de 40 km da capital. Com entrada a 29 de Julho.
Ainda há vagas. Mas pedem-me um preço absurdo: cerca do dobro do que paguei em 2022. «Efeito da inflação?», pergunto na recepção, com óbvia ironia.
«Não, é por causa do Papa.»
Questiono-me se Francisco fará ideia desta obscena espiral especulativa praticada em nome dele, que tantos exemplos de frugalidade e desprendimento material nos tem dado. É óbvio que não.
Alarguei o perímetro: vou distanciar-me ainda mais de Lisboa. A preços do ano passado, também junto ao mar. Já feita a reserva. Fico a ganhar com a troca.