Ele não acerta uma
Agostinho Costa, o famigerado major-general pró-Moscovo, não acerta uma. Não apenas sobre a agressão de Putin à Ucrânia: anda ele, por exemplo, a proclamar desde o Verão de 2024 a iminente “conquista” de Pokrovsk pela tropa do Kremlin e os factos teimam em contrariar-lhe os desejos. O raio da cidade ucraniana nunca mais cai.
Muda o cenário do conflito, mas a sua capacidade de chutar para fora, sem acertar no alvo, continua igual. Desta vez foi a propósito da “operação militar especial” de Israel no Irão, com apoio dos EUA. Na CNN Portugal, lá estava ele a garantir que se tratava de mera fantasia noticiosa. «Jogos florais.»
Foi a 12 de Junho, já perto da meia-noite. Tendo a seu lado no estúdio Diana Soller, cuja sabedoria muito admiro e cujo estoicismo aplaudo. Não é fácil ouvir tanto dislate daquele parceiro de painel, semana após semana.
O que disse Costa nessa malfadada noite de Santo António?
«Tudo indica que isto [iminente ataque de Israel ao Irão] não passa de uma campanha mediática. Porque os ataques não se publicitam: fazem-se.»
(Pertinente alerta de Diana Soller: «A ideia de um ataque não deve ser inteiramente posta fora das hipóteses.»)
«(Indiferente ao alerta) Para se ter um ataque desta natureza é preciso capacidade para atacar infraestruturas que estão colocadas à profundidade de 700 metros em montanhas.»
(Outra pertinente advertência de Diana Soller: «Desde 7 de Outubro [de 2023] Netanyahu considera que o ambiente no Médio Oriente é insustentável e Israel, portanto, está disposto a ir mais longe.»)
«(Indiferente à advertência) Todo este burburinho, todo este alvoroço… surge porque a vida não está a correr mesmo nada bem a Netanyahu. Começou com o Catargate. E no Knesset o partido de [Avigdor] Lieberman devia ter apresentado uma proposta de dissolução do parlamento… vêm novas eleições, Netanyahu cai e vai direitinho sabemos para onde.»
«Nem Donald Trump pretende qualquer conflito no Médio Oriente nem Israel tem essa capacidade.»
«É a última coisa que Trump quer.»
«Se Israel tentar atacar o Irão, é capaz de se resolver o problema do Médio Oriente com a retaliação do Irão, que apresentou esta semana um míssil com ogiva de quatro toneladas e sabemos para onde está apontado.»
(Réplica final, sempre pertinente e já algo impaciente, de Diana Soller: «O senhor está sempre a inventar armas a aparecerem debaixo das pedras nos países dos quais gosta, mas isso não faz com que as armas apareçam nem que o Irão faça desaparecer Israel do mapa. Era o que o Irão gostava e o senhor também, mas isso não vai acontecer, é um cenário completamente irrealista.»)
Daí a cerca de duas horas, a realidade confirmava as palavras da especialista em relações internacionais e desmentia em toda a linha a delirante retórica do major-general.
Sem surpresa.