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Delito de Opinião

Ele

Teresa Ribeiro, 01.03.22

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Ao contrário do estereótipo das histórias infantis politicamente incorrectas dos meus tempos de menina, este vilão é louro e tem olhos azuis. O rosto redondo, sem rugas, devia sublinhar a suavidade que sugere a mistura dos tons claros do cabelo e dos olhos, mas há uma vida interior por detrás desta máscara delicada que desmonta tudo. O olhar ínvio, incapaz de se sustentar frente às câmaras de televisão e a expressão esfíngica que ostenta sempre que se apresenta em público revelam-no fechado e frio. Dele sabe-se da sua sede assassina de poder. É isso que o move. Não olha a meios, este Darth Vader. Envenena opositores políticos e jornalistas, prende manifestantes, manipula eleições e agora manda bombardear hospitais, creches e lançar no terreno brinquedos armadilhados numa guerra onde vale tudo, até trocar de uniforme para confundir o inimigo.

Comparam-no a Hitler. A megalomania e a metodologia que usou para avançar com as peças no tabuleiro, de facto, confundem-se. Tal como o psicopata de bigode também ele se comporta como dono do mundo, achando-se no direito de determinar que países devem, ou não, existir e não hesita em esmagar quem lhe faz frente. A diferença é que no tempo do outro não havia smartphones, nem internet, nem redes sociais. Hoje é impossível esconder, como antes, os crimes de guerra. Tudo se sabe em tempo real. E essa exposição é, está a ser, demolidora para a reputação deste aspirante a czar de todas as rússias.

Sempre pensei que se um dia uma guerra nuclear eclodisse seria seguramente espoletada por alguém com este perfil: um borderliner com acesso a estas armas e uma ambição desmedida. Mas tenho fé que a devassa que as redes de comunicação e os telemóveis proporcionam faça o milagre de deter esta escalada de violência. Porque o terror, para proliferar, sempre precisou de sombra.

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