Efemérides históricas ao tempo da formação de Portugal (17)
Túmulo de D. Afonso Henriques na igreja de Santa Cruz, em Coimbra. © Horst Neumann
Não se sabe a data e o local de nascimento de D. Afonso Henriques, mas, quanto à sua morte, não há dúvidas: o nosso primeiro rei faleceu a 6 de Dezembro de 1185, em Coimbra. Se considerarmos as datas mais prováveis do seu nascimento, entre 1107 e 1110, ele tinha de 75 a 78 anos, o que representa um caso relativamente raro de longevidade, naquela época. E isto, apesar de D. Afonso Henriques ter vivido os seus últimos dezasseis anos bastante incapacitado.
Em Maio de 1169, o monarca terá sofrido um acidente grave na luta pela posse de Badajoz. Tinha à volta de 60 anos e não se sabe a verdadeira dimensão dos seus ferimentos. Nas crónicas medievais, há alusões a não se conseguir mover pelos próprios meios e parece certo que nunca mais tornou a montar. Este último aspecto é, porém, muitas vezes explicado com a promessa que teria feito ao genro, D. Fernando II de Leão, de não tornar a combater, o que aliás pode ser uma tentativa medieval de esconder a sua incapacidade física. A ser verdade a gravidade dos ferimentos e suas consequências, mais notável ainda é o facto de ter vivido ainda dezasseis anos, num tempo de cuidados médicos muito precários.
Afonso Henriques foi sepultado no mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, no mesmo local em que a esposa, D. Mafalda (ou Matilde), já repousava há quase trinta anos. Depois de casar, a rainha D. Mafalda viveu apenas doze anos, falecendo na sequência do seu sétimo parto, a 3 de Dezembro de 1157 (curiosamente, quase coincidindo no dia com o marido). Dos sete filhos que teve, só três chegaram à idade adulta: o príncipe herdeiro, D. Sancho, e as duas filhas mais velhas, D. Urraca e D. Teresa.
A sepultura de D. Afonso Henriques, que se pode visitar na igreja de Santa Cruz de Coimbra, não é a original. Quase nada resta do primeiro edifício, construído no século XII, depois de D. Manuel I ordenar uma extensa reforma, reconstruindo e redecorando o mosteiro e a sua igreja, a partir de 1507. Nessa época, foram transladados os restos mortais de D. Afonso Henriques e de D. Sancho I dos seus primitivos sarcófagos para novos túmulos, os actuais, decorados em estilo manuelino.