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Delito de Opinião

Ecos

Pedro Correia, 05.05.14

«A verdade é que Passos Coelho cumpriu com o que lhe foi exigido pela troika e pela Alemanha, permitindo que Portugal faça hoje boa figura. (...) Em substância pouco ou nada mudou na organização do país. Portugal só aparentemente está mais forte. Por isso, não é certo que o passo em frente, dado ontem, afaste de vez a hipótese de se dar uns quantos para trás dentro de alguns meses, na sequência de uma eventual mudança de conjuntura internacional. Esperemos patrioticamente que não.»

Eduardo Oliveira e Silva, director do i

 

«Pedro Passos Coelho, e Vítor Gaspar, primeiro, e Maria Luís Albuquerque, depois, ficarão na história, são os governantes responsáveis pelo caminho que se fez, com muitos tropeções, enganos e erros, alguns deles deliberados. Deram a António José Seguro o que o líder do PS exigia, a saída limpa. Há três anos, pedimos ajuda externa, há dois ou há um, ainda se falava em risco, real, de segundo resgate. Hoje, estamos no mercado. Devolveram a credibilidade externa ao País, qualquer que seja o ponto de análise, mesmo tendo em conta os números que estavam na primeira avaliação e os que existem hoje, seja de crescimento económico, desemprego, défice e dívida.»

António Costa, director do Diário Económico

 

«Não se pode dizer que o Governo não fez o melhor que podia e que sabia. Pedro Passos Coelho tem sido determinado e corajoso. Mas teria sido uma vítima da política se a política europeia não tivesse mudado. É aí que António José Seguro tem razão. A saída do programa de ajustamento tem este sabor amargo de ser mais suja do que limpa. A paciência dos portugueses, o acordo por omissão do PS e a determinação do Governo foram necessários. Mas não teriam sido suficientes para evitar um segundo resgate. A ajuda, agora limpa, foi viabilizada pela Europa, por uma política menos dogmática e mais pragmática.»

Helena Garrido, directora do Jornal de Negócios

 

«Não deixa de ser irónico que o Governo que anunciou ontem a "saída limpa" esteja a dar sinais tão evidentes de desistência e de erosão. Aliviar a austeridade não é um problema - afinal, andámos a criticar o aperto brutal dos últimos anos. O problema é percebermos as motivações do alívio. A "transformação estrutural" do país, prometida no início do mandato, não chegou a tempo de mudar a natureza da política.»

Bruno Faria Lopes, editor do Diário Económico

 

«A "saída limpa" é um mero momento de pose para a fotografia que não vai mudar a política a ser seguida no futuro. Incidentalmente, cabe perguntar como tenciona o PS, quando for governo, inverter o "austeritarismo" que tanto denuncia agora, quando tem de cumprir o Pacto Orçamental que ele próprio aprovou no Parlamento. Tudo isto revela a grande confusão que sempre existiu sobre o Governo desde o início: a confusão entre um programa de reforma da economia e um programa de ressarcimento de credores.»

Luciano Amaral, colunista do Correio da Manhã

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