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Delito de Opinião

Eça de Queiroz no Panteão Nacional.

Luís Menezes Leitão, 08.01.25

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Sobre o que pensaria Eça de Queiroz da sua ida para o Panteão, parece-me elucidativo o que escreveu no Conde de Abranhos:
 
"Não me compete, porém, nestas reminiscências íntimas do Conde d'Abranhos, fazer a história política da sua administração nos negócios da Marinha. Essa missão gloriosa pertence aos Herculanos e aos Rebelos do século XX.
 
Eu desejei somente, sem invadir o solo pomposo e difícil da História, deixar aqui consignado que, na minha opinião, de todos esses estadistas, esses poetas ardentes, esses moços de largo sopro lírico, esses estimáveis cavalheiros que em Portugal, desde a outorga da Carta, têm dirigido os negócios da Marinha e Ultramar, nenhum, como Alípio Abranhos, compreendeu tão patrioticamente o espírito de que deve inspirar-se a nossa política colonial.
 
Ainda perdura a obra imorredoura que nos legou esse génio glorioso, que hoje, cercado da veneração saudosa de Portugal, repousa no Cemitério dos Prazeres. Sobre o mausoléu comemorativo que a saudade da respeitável Condessa d'Abranhos lhe ergueu, o talento do escultor Craveiro fez reviver no mármore a figura majestosa do Estadista.
 
E não é sem uma emoção profunda que ali vou cada ano em piedosa romagem, contemplar a alta figura marmórea, com o seu porte majestoso, o peito coberto das condecorações que lhe valeu o seu merecimento, uma das mãos sustentando o rolo dos seus manuscritos, para indicar o homem de letras, a outra assente sobre o punho do seu espadim de Moço Fidalgo, para designar o homem de Estado – e os olhos, por trás dos óculos de aros de ouro, erguidos para o firmamento, simbolizando a sua fé em Deus e nos destinos imortais da Pátria!"

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