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Delito de Opinião

Eça de Queirós no Panteão Nacional

jpt, 08.01.25

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1. Eça de Queirós foi mesmo um excelente escritor - ainda gosto mesmo muito do "A Ilustre Casa de Ramires", para além de outras obras. E continua a influenciar-nos imenso: basta ver a quantidade de patetas que se deixam retratar nesta pose, com a cabeça apoiada na mão, como se lhes pesasse um algo (que assim evidenciam inexistente).
 
2. A ideia de um "Panteão Nacional" como edifício que "albergue os restos mortais dos nossos mais ilustres, que se vão da lei da morte libertando" (ler isto em tom enfático, de voz cava e pausada, qual declamador de antanho, sff) é digna de ... cendrário.
 
3. A "polémica" sobre se Eça teria aceitado ou recusado o seu depósito num panteão (republicano, de cidadãos endeusados) é interessante, pois mostra como tendemos a tornar o passado num amontoado de frutas cristalizadas. Daquilo que dele li (e não sou um queiroziano, valha-me a Razão...) a este propósito tenho uma ideia: o Eça ainda jovem invectaria essa hipótese, com o seu típico sarcasmo rutilante; o Eça quarentão aceitaria, se lhe pagassem adiantado o contrato de utilização das ossadas próprias; e um Eça sexagenário ou septuagenário - se a isso tivesse chegado - ficaria impante se lhe aventassem a hipótese.
 

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4. Folclore - republicano e mercantilista - à parte, esta barulheira é uma boa causa para se ir às estantes, a (re)ler o homem. Eu saquei este "Uma Campanha Alegre" - era para ontem à noite, mas fiquei a ver o Sporting-Porto, mais um passo para alargarmos o Panteão Leonino.
 
5. Li ontem aqui que este ano é o bicentenário de Camilo Castelo Branco (urram os camilianos, sempre avessos aos queirozianos). O que terá sido algo esquecido pelo Estado (e pela academia) - à imagem do acontecido o ano passado com a efeméride camoniana, que tanto atrapalhou os traumatizados com o "Império". Prepare-se pois mais uma gaveta endeusadora.

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