E depois de votar
O meu filho mais velho votou hoje pela primeira. Consciente do que fazia. Informado. A escola onde votámos estava vazia. A abstenção parece que vai vencer, mais uma vez, estas eleições. É muito triste. Depois pergunto-me: será que a minha avó sabe exactamente o que faz um deputado europeu? Que responsabilidades tem? Que diferença faz? Talvez não. Como ela, existirão muitos, digo eu. Culpa dos partidos e, mea culpa solidária com quem é da profissão, dos jornalistas. Os americanos aprenderam o sistema político que têm com uma série televisiva, "Os Homens do Presidente". Os europeus também agradeceram essa oportunidade. Cá quem explica o quê? Neste dias, apesar de me saber longe das redacções, penso que gostaria de voltar ao jornalismo. É um sentimento que dura um nanosegundo. Vejo os jornais e tenho pena. Vejo os jornais na televisão - começam com o Palito (um caso triste, claro, mas há destes todos os dias no CM e no JN) e depois as malas dos jogadores do país vizinho. As grelhas televisivas são iguais, é a contra-programação e o serviço público está nas mãos de comentadores que, há anos, vivem disso: comentar. À saída da escola onde votámos estavam dois bombeiros, um homem, uma mulher. Tinham uma maca e estavam a fazer um peditório para os Bombeiros de Moscavide. Eu tirei uma nota do bolso. A maca estava cheia de moedas. Tive vergonha de ter uma nota para dar. É triste? Sim, é a minha tristeza.
(Sérgio, desculpa repetir a tua imagem, mas é tão certeira que não resisto)