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Delito de Opinião

Duplicidade ética

Pedro Correia, 11.07.17

Eis um governo com uma insólita noção dos graus de responsabilidade política: demite-se um ministro por prometer duas metafóricas bengaladas no Facebook ao mais verrinoso colunista da imprensa, demitem-se três secretários de Estado por terem aceitado um convite de um grupo empresarial privado para assistir a um jogo de futebol.

Pode estar tudo muito certo, mas semelhante critério não devia estender-se, por larga maioria de razão, à ministra que tutela vários organismos que falharam na prevenção e no combate ao mais mortífero incêndio florestal alguma vez ocorrido no País e ao ministro que tutela as estruturas militares publicamente humilhadas no maior roubo de material bélico de que há memória entre nós?

Não sei o que os leitores do DELITO pensam sobre o tema. A minha opinião é clara: Constança de Sousa e Azeredo Lopes, detentores de pastas ministeriais ligadas à soberania e representação do Estado, estão a mais no Executivo. Ela desde o dia 18 de Junho, ele desde o dia 30. O facto de se manterem em funções constitui uma prova viva da existência de um inaceitável padrão de duplicidade ética neste Executivo. E nada como isto o fragiliza tanto.

3 comentários

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    Jorg 11.07.2017

    A discussão ética (sobre a bonomia borlista perante o "abbonement" da GALP) teve lugar há pouco menos de um ano - pelo meio tivemos uma eminência a gatafunhar um "código de ética" e tal e mais outras com similares "downbursts"... pelo que relevar tal "dimensão" para justificar agora, passados 10 meses, o enxuto dominical enfim é paleio de "encher chouriços" e querer fazer de outros parvos....

    No circo odierno está isto, que se calhar, não tem nada a ver com reprovável ética (cito um extracto do artigo de Alberto Gonçalves no Observador) :
    "Perante o desleixo, lembram desleixos maiores. Perante as dúvidas, confessam sentimentos. Perante as câmaras, dão abraços. Perante a culpa, acusam eucaliptos e furriéis. Perante o caos, pedem avaliações de popularidade. Perante a obrigação, partem de férias para Ibiza, a subjugar espanhóis com a barriga e um par de cuecas"
    Isto já para não falar no desleixo seguido de desnorte reiteradamente patenteado por estas personagens quando começaram a perceber que com o esturro o pivete não era só madeirado o agiestado, isto num longo sábado e domingo de aflição onde um canto da nação (cheio de incautos, coitados..) se poderia estar a contar com algum espírito de serviço (que, aprendi cedo, tem uma ética agregada como o Juramento de Hipócrates...) de tais graduados. Não sei onde fica isto na "ética", mas sei lá, "eticamente" quer-me parecer que podemos usar o contraste, p.ex. notando um elevado louvor "ético" que merece a sra. D. Maria do Céu Silva que em Nodeirinho meteu mais onze concidadãos num enorme tanque cheio de água até as 4 da manhã assim salvando-os do fogo que os cercava.



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    Vlad, o Emborcador 11.07.2017

    Até o secundava, mas depois leio Albertino Gonçalves e ....bumba, porta aviões ao fundo.

    Da PAF , podíamos assim dizer:
    Perante as dúvidas, mostram certezas.
    Perante a ganância e desgoverno dos Bancos culpam os portugueses e privatizam Serviços Públicos, monopólios naturais.
    Também o dr. Passos aguentou a Luisa Albuquerque, apesar dos swaps e o Relvas apesar da licenciatura.

    Quanto a juramento também Passos dizia que não aumentava impostos a um adolescente, junto a uma escola, em campanha eleitoral, e depois foi fartar vilanagem.

    E depois aquela histórica estória do trabalho pro bono na Tecnoforma....e um percurso profissional sempre ligado a empresas da malta do apparatschik....cheira a barrote queimado....
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