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Delito de Opinião

Dois pesos e duas medidas

Luís Naves, 06.08.14

Pessoas que há uma semana defendiam a tese da responsabilidade colectiva do povo português pela dívida pública defendem agora que os accionistas do BES não podem ser responsabilizados pela dívida contraída pelo seu banco. Estes autores acharam no passado que os portugueses são colectivamente culpados pelos gastos excessivos e o modelo errado e, se isso implicava austeridade por vinte anos, pois então que assim acontecesse. Por milagre, estas regras já não se aplicam aos accionistas de um banco que, dizem, foram ‘enganados’.

A excepção é estranhíssima. Estes autores querem uma solução que não passe por austeridade durante vinte anos. A solução europeia não serve, por fazer uma ‘expropriação’, afirmam, embora não expliquem como é que se expropria massa falida. 

Há também a tese de que é injusto ser a banca a pagar. Esta tese não resiste a vinte segundos de análise: o BES estava à beira do colapso e este teria forte impacto no valor dos restantes bancos; se houvesse corrida aos depósitos e o sistema não actuasse, haveria pânico e colapso geral. Os bancos que pagam o fundo de resgate estão a defender os seus interesses. A Europa empresta o dinheiro, pois também é do seu interesse, e os accionistas perderão quase tudo, muitos deles injustamente, mas isso também se aplica a cada português que pagou o ajustamento. Não há almoços gratuitos.

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