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Delito de Opinião

Do excelente ao execrável

Pedro Correia, 02.01.20

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Em 2019 apostei comigo mesmo que manteria níveis de leitura semelhantes aos que tinha no final da adolescência, quando devorava livros atrás de livros. No ano em que fiz 18, li 72. Nessas idades, o tempo parece sempre que nos sobra - ao contrário do que sucede nas décadas posteriores. Mas no ano passado levei muito a sério a meta que me impus, a tal ponto que acabei até por superá-la: 74 livros completos - não contabilizo, portanto, os três ou quatro que deixei a meio.

Em Maio, como já confidenciei aqui, verifiquei que me faltavam leituras para fazer uma lista consciente e convincente dos 25 melhores romances portugueses do século XX. Ou até dos dez melhores. Tinha acabado então de ler Sinais de Fogo, de Jorge de Sena, que funcionou como ignição para prosseguir nesse trilho. Seguiram-se outras 38 obras literárias só de autores nacionais do século passado, escritas entre as décadas de 10 e 90. Nesta sucessão de leituras e releituras, a mais antiga foi A Confissão de Lúcio, de Mário de Sá Carneiro (1914) e a mais recente O Vale da Paixão, de Lídia Jorge (1998).

Os escritores que mais li ou reli foram Agustina Bessa-Luís (quatro romances), António Lobo Antunes (quatro) e Vergílio Ferreira (três). E não li apenas romances: também visitei ou revisitei alguns livros de contos.

Além dos já mencionados, também frequentei estes - vários dos quais pela primeira vez: Almada Negreiros, Alves Redol, Américo Guerreiro de Sousa, António Alçada Baptista, Aquilino Ribeiro, Eduarda Dionísio, Fernando Assis Pacheco, Fernando Namora, Ferreira de Castro, Helena Marques, Joaquim Paço d' Arcos, José Cardoso Pires, José Rodrigues Miguéis, José Saramago, J. Rentes de Carvalho, Manuel da Fonseca, Miguel Torga, Nuno Bragança, Raul Brandão, Rui Zink, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teolinda Gersão, Tomaz de Figueiredo e Urbano Tavares Rodrigues.

Li um pouco de tudo - do excelente ao execrável. Mas sinto-me agora capacitado para elaborar a tal lista dos dez melhores romances portugueses do século XX: irei divulgá-la aqui em breve, pondo-a em debate.  E eis-me também quase pronto a concluir a dos 25 melhores.

Hoje, primeiro dia deste promissor ano bissexto, quero destacar apenas alguns dos que mais gostei de ler ou reler em 2019, sem cuidar do lugar que lhes estará reservado no nosso cânone académico. Ei-los, por ordem cronológica de publicação: A Sibila, Barranco de Cegos, Montedor, Sinais de Fogo, Para Sempre, Auto dos Danados, O Último Cais e O Vale da Paixão. Cada um por seu motivo, foram dos que mais gostei.

Fica este breve balanço, na expectativa de fornecer boas pistas a quem visita o DELITO e funcionando como incentivo suplementar a mim próprio. Tenciono prosseguir em 2020 o meu plano de leitura: falta-me ainda conhecer cerca de duas dezenas de relevantes obras do século XX. Depois transitarei enfim para este século, mantendo-me ainda na ficção literária portuguesa. Nessa altura será a minha vez de vos pedir sugestões.

 

Leitura complementar:

Com olhos de ler

Ler em férias

Louvor à prosa de Cardoso Pires

Vinte e oito

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