Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Dizer mal e dizer bem

Pedro Correia, 26.12.19

Escrevo textos de opinião, ininterruptamente, há mais de 30 anos. Ao longo de todo este tempo, nunca me esqueci de uma recomendação que, era eu jovem jornalista, me fez um camarada de profissão curtido em sabedoria e experiência: «Nunca digas tanto mal de alguém de quem possas vir a dizer bem nem tanto bem de alguém de quem possas vir a dizer mal.»

As lições mais simples, muitas vezes, são as que mais perduram.

13 comentários

  • Imagem de perfil

    Pedro Correia 26.12.2019


    Criticar não é dizer mal?
    Será que é dizer bem?

    Elogiar não será dizer bem?
    Será dizer mal?
  • Sem imagem de perfil

    Isabel s 26.12.2019

    O mal e o bem não devem ter nada a ver com jornalistas. Esses são conceitos da religião ou para os filósofos.
    Claro je há histórias e histórias. Mas, mesmo assim, eu entendo que a apreciação de um jornalista - quando não lhe é exigida a objectividade possível - deve ser orientada mais para o campo das ciências políticas ou sociais e, excepcionalmente, psicológicas.
  • Imagem de perfil

    Pedro Correia 26.12.2019

    Engano seu, se me permite.
    Mal e bem têm a ver com jornalismo, na medida em que têm a ver com a vida. E o jornalismo, se não tiver a ver com a vida, não é digno de se qualificar desse modo.

    De qualquer modo, como me parece ter ficado claro, utilizo a expressão coloquial "dizer mal" no sentido de criticar e a sua antítese, "dizer bem", no sentido comum de elogiar. Não me referindo aqui a categorias religiosas, ideológicas ou filosóficas.
  • Sem imagem de perfil

    Isabel s 27.12.2019

    Desde a folha que cai até ao foguetão que vai à lua , tudo tem a ver com a vida. Aí, o jornalista está na posição de tudo o que existe.
    Eu vejo semanalmente debates de várias tv’s europeias entre jornalistas, políticos e intelectuais de grande categoria com ideias e práticas políticas diferentes, que se atacam profundamente sem nunca dizerem mal de ninguém nem um do outro. Onde há crítica intelectualmente honesta e com boa fé, não há maledicência. Elogiar, quando não se está a fazer pura propaganda, é fazer uma crítica positiva e justa. Nenhum caso destes tem a ver com o bem ou com o mal. Podemos dizer que há mau jornalismo quando este é, consciente ou mesmo inconscientemente, usado para manipular as opiniões. O que é bem diferente do jornalismo « engagé » que declara ou faz conhecer previamente ao que vem.
    Enfim, é uma matéria que ocupa horas de debates, de conferências para além de milhares de livros, a começar, em minha modesta opinião, pelo americano do princípio do século passado «  a frabrica do consentimento » ( se não me engano no nome ).
  • Imagem de perfil

    Pedro Correia 27.12.2019

    Isabel, não é preciso "ver semanalmente debates de várias televisões europeias" (presumindo a exclusão de Portugal, como se não estivéssemos na Europa) para encontrar exemplos de bom jornalismo.
    Felizmente também existem cá, o que nos recoloca nas minhas linhas iniciais sobre o "dizer mal" e o "dizer bem".
  • Sem imagem de perfil

    Isabel s 27.12.2019

    Lamento dizer-lhe que me parece que está enganado. Eu não sou jornalista, claro. Mas sou grande consumidora de jornalismo em quatro línguas e tenho a minha opinião. É diferente da sua? Nada mais normal, não acha?
  • Imagem de perfil

    Pedro Correia 27.12.2019

    Esperava que me confirmasse ou desmentisse aquilo que me pareceu no comentário anterior: que só "lá fora" encontra jornalismo competente. Usou uma formulação algo ambígua, mas pareceu-me apontar nessa direcção.
    Continuarei à espera da confirmação ou do desmentido.
  • Sem imagem de perfil

    Isabel s 28.12.2019

    Entendeu mal. Nunca me atreveria a dizer que cá ou em qualquer outro país não se encontra jornalismo competente. Não tenho em qualquer caso conhecimento que me permita formular tal julgamento.
    Porém, continuo a dizer que jornalismo só tem a ver com relato rigoroso de factos e opiniões, sempre subjectivas e susceptíveis de contraditório, relativas a ideias e práticas de pessoas consideradas relevantes ( opinião também susceptível de ser contraditada ). O jornalista não é juiz, é testemunha.
  • Imagem de perfil

    Pedro Correia 28.12.2019

    Precisamente por ser testemunha é que se vê algo que está mal tem não apenas o direito mas o dever de dizer que está mal. Ou bem, consoante os casos.
  • Sem imagem de perfil

    Isabel s 28.12.2019

    Tenha paciência mas essa sua teoria é perigosa. A realidade só existe como representação. Algo está mal ou bem consoante quem observa, ou seja, consoante as regiões do globo, as épocas, as culturas vividas, os grupos sociais a que se pertence, etc etc, etc. Só os intolerantes reduzem as experiências da vida ao »está bem e ao está mal ». Não me diga que é esse o seu caso?
  • Imagem de perfil

    Pedro Correia 28.12.2019

    Que coisa tão rebuscada: "a realidade só existe como representação".
    À luz desse critério, se eu vir um fulano agredi-la na rua, deverei evocar esse axioma antes de escrever com todas as letras que essa agressão é de todo inaceitável - não vá você chamar-me "juiz" e, quem sabe até, "intolerante" por criticar o seu agressor.
    E se tentar defendê-la, o seu agressor dir-me-á, encolhendo os ombros: é mera "representação". Como num teatro.
  • Sem imagem de perfil

    Isabel s 28.12.2019

    A realidade como representação ao tem nada a ver com teatro. Tudo o que respondeu está fora do contexto. Desisto.
  • Comentar:

    Mais

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog tem comentários moderados.