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Delito de Opinião

Divisões sobre a Rússia

Luís Naves, 30.12.14

Alguns países europeus têm dúvidas sobre as sanções à Rússia. A discussão, agressiva e até agora discreta, vai aquecer nos próximos meses. Os americanos estão a exercer forte pressão sobre países que, por serem mais afectados pela destruição do seu comércio com a Rússia, não querem aumentar a parada nas sanções. O facto é que a ordem mundial financeira e política não pretende tolerar o desafio colocado por Vladimir Putin, que fez uma jogada de alto risco na Ucrânia e agora tem poucas hipóteses de conseguir sair da situação. Alguns países do centro da Europa estão relutantes em humilhar completamente a Rússia e querem apenas acabar com o conflito ucraniano, mas os falcões americanos pretendem usar este episódio para dar uma lição aos russos e acreditam que as elites de Moscovo estarão em breve a discutir a eventual substituição do seu presidente.

Desta história conclui-se que a política externa americana segue por vezes ao sabor das conveniências do calendário doméstico e muitas iniciativas surgem na forma de grandes ideias inatacáveis. Quando dominou o mundo, o Império Britânico mandou as suas esquadras defender causas humanitárias (a luta contra a escravatura, por exemplo), mas na maioria das decisões externas a política interna não era tão forte como acontece no caso americano. No que diz respeito aos EUA, os democratas precisam de parecer duros, pois a percepção de fraqueza no mundo será a sua maior debilidade na campanha para 2016. Os republicanos estão a condicionar a estratégia nesta crise e nas sanções contra Moscovo. Quando o facciosismo condiciona a estratégia, o resultado costuma ser desproporcionado ou incoerente. Os europeus, por seu lado, não podem tolerar tácticas de intimidação e a anexação de um território de um país mais fraco por outro mais forte, mas há diferentes níveis de prejuízos comerciais e nem todos se podem dar ao luxo de exigir acção imediata.  

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