Cadernos de um enviado especial ao purgatório (15)
Este barómetro publicado pelo jornal El País mostra a recuperação instantânea dos socialistas espanhóis nas intenções de voto, consequência da nova liderança de Pedro Sánchez, que foi eleito há um mês. Aparentemente, o PSOE subiu quase 50%; e, mesmo que seja menos, a recuperação é impressionante, mostrando de novo a tendência para a bipolarização. À excepção do PSOE e do PP, todos os restantes partidos caem, incluindo o movimento Podemos, que mesmo assim fica em terceiro, com 10,7%, ou o UPyD, que não descola. A situação em Espanha não tem a gravidade da portuguesa, mas este é um bom indicador de tendências, pois os dois países tendem a imitar-se. A recuperação económica parece demasiado lenta e ainda incerta. Curiosamente, lá como cá, existe modesta criação de emprego com taxas de crescimento baixas, o que sugere um efeito positivo das reformas, mas esse efeito pode ser tardio. A lição mais importante da sondagem é a que resulta da ‘limpeza do passado’ que os partidos tentam fazer. Se António Costa vencer as primárias do PS, o efeito de novidade será talvez mais importante do que foi com Sánchez. Em vez de empate, teremos os socialistas perto da maioria, a poderem governar com um ou dois movimentos populistas da esquerda, por exemplo, com Marinho Pinto e o Livre. O desvio de eleitores para as franjas será provavelmente menos acentuado e, neste cenário, a Direita precisará mesmo de apertar os cintos de segurança.