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Delito de Opinião

Diário semifictício de insignificâncias (31)

José António Abreu, 02.12.17

Concerto de Rebecca Martin com a Orquestra de Jazz de Matosinhos na Casa da Música. A ocupação da sala Suggia (demasiado volumosa para jazz) não chega a metade. Após os primeiros dois temas, pede-se aos espectadores sentados nas últimas filas para avançarem. Muitos fazem-no. O ambiente torna-se mais intimista e o concerto acaba por resultar bastante bem. Martin é simpática e a orquestra competente nas adaptações das canções dela. Na orquestra, há dezasseis homens e uma mulher (trombonista). Não pela primeira vez, pergunto-me por que razão, ainda hoje, tão poucas mulheres integram grupos de jazz. Na música clássica, na música tradicional, no pop/rock, são hoje inúmeras. No jazz, assim de repente, tirando cantoras, não consigo pensar em mais de meia dúzia (OK, também não é a minha especialidade).

Mas claro que a Orquestra de Jazz de Matosinhos tem um problema mais grave. De tal modo grave que poderá mesmo impedi-la de ser considerada uma verdadeira orquestra de jazz. Todos os dezassete músicos - a mulher e os dezasseis homens - são brancos.

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