Diário semifictício de insignificâncias (24)
Continuo um leitor compulsivo de t-shirts. Devia parar. Um dia destes arranjo problemas. É quase impossível ler as frases mais compridas das t-shirts femininas (chegam a parecer volumes do Guerra e Paz) sem dar ideia de estar a obervar as mamas das utilizadoras.
Voltei a pensar nisto por causa de uma rapariga com quem me cruzei no passeio. Vestia uma t-shirt preta com as palavras Can't touch this. Em mais um sinal de que nasci há demasiado tempo, primeiro lembrei-me de MC Hammer. Quase me pus a cantarolar o tema. Só depois ponderei se a rapariga usaria a t-shirt em modo de desafio ligeiramente parvo, confiante na capacidade de atracção dos seus atributos, se em jeito de pedido quase desesperado de atenção. A verdade é que, sem aquela t-shirt, eu jamais pensaria em tocar-lhe (desculpa, OK?). Ainda assim, espero que o motivo fosse excesso de confiança. Fora dos campos da ciência, da economia e da política, há ilusões benignas.