Diário Secreto
Ando a ler o quinto livro de crónicas do Lobo Antunes e que bom que é. A prosa lembra-me sempre a do meu pai, pela época, pelos temas e pelo pingar de ternura das coisas de antigamente que amolece cada virar de página.
Ontem lia que, enquanto ele esperava à esquina por uma fulana, estava para ali “com o coração aos baldões”. O coração aos baldões é uma expressão maravilhosa. Toda a gente já andou com o coração aos baldões, mas passa a vida a dizer que o coração lhe batia descompassadamente, o que não tem nada tanta graça.