Diário Secreto
Comecei o dia a fazer de mãe horrorizada na escola dos miúdos, a propósito de um deles ter sido apanhado com um papel que continha uma canção ordinária de sua autoria. Embora estivesse mortinha para ver a prova do crime, não tive lata para pedir. De qualquer maneira, a professora deixou escapar que a trova rimava muito bem e que o rapaz tinha escrito 5 (CINCO) estrofes. Fiquei super orgulhosa do meu malcriadão.
O Rodrigo confidenciou-me que quando era mais novo e chovia ele achava que eram as nuvens a chorar. Achei tão poético.
Xiquinha, a cromossómica da família, foi às análises. Não metia lá os pés há uns dois anos mas, assim que chegou, agarrou-se ao braço e apontou para o gabinete onde tiram sangue. Pergunto-me onde andará o défice.
Levei o pai a São Francisco Xavier para medir os níveis do Varfine. No caminho a mãe cantou uma cantiga de revista do João Villarett sobre o Salazar. Podia ter sido pior.
O pai disse uma frase inteira.