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Delito de Opinião

Dez livros para comprar no Natal

Pedro Correia, 09.12.16
 

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Livro nove: LX80, de Joana Stichini Vilela e Pedro Fernandes

Edição Dom Quixote, 2016

272 páginas

 

Por mais que as mensagens em voga nos instiguem a “viver o presente”, seja lá o que isso for, o revivalismo é uma fonte inesgotável de descobertas capazes de somar o conhecimento ao prazer quando transpostas para livro. É o caso deste volume, que merece ser cumprimentado pela escrita ágil e elegante, aliada ao notório bom-gosto gráfico. LX80 insere-se numa série, que já nos conduziu às duas décadas anteriores, sempre centradas na capital.

Está paginado nuns casos em forma de revista e noutros como caderneta de cromos, percorrendo toda a década que entre nós começou com a comoção nacional gerada pela trágica morte do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro e terminou com Marcelo Rebelo de Sousa a divertir o País com um mergulho no Tejo que animou a campanha autárquica de 1989 sem no entanto contribuir para o seu sucesso nas urnas em Lisboa.

Foi uma década de nomes inconfundíveis – e em certos casos irrepetíveis. A década de António Variações, Ana Salazar, Kruz Abecasis, Tomás Taveira, José Maria Tallón, Carlos Paião, Fernando Chalana, Paulo Futre, Pedro Caldeira, Dona Branca. A década do Frágil e do incêndio do Chiado. A década das Amoreiras (que nasceram) e do Monumental (que morreu).

Também a década do Pão com Manteiga e do Independente. A década do Kilas e do Serafim Saudade. A década das rádios-pirata e do Bloco Central. A década da Vila Faia e dos Heróis do Mar. A década da televisão a cores e da banca privada. A década dos aquaparques e do bebé-proveta. A década de muitas e variadas e por vezes desvairadas siglas: AD, UHF, PRP, TSF, FMI, CEE.

Foi ainda a década da vitória do Sporting por 7-1 em Alvalade, frente ao Benfica – a diferença mais desnivelada de sempre entre os dois históricos rivais do futebol português.

Uma década inesquecível, aqui revivida por Joana Stichini Vilela e Pedro Fernandes. Para alguns de nós parece ter sido ontem, para outros terá sido há uma eternidade. O livro, confesso, deixou-me nostálgico: nada a objectar, tudo a favor.

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