Dez livros para comprar na Feira
Livro três: Política, de David Runciman
Edição Objectiva, 2016
192 páginas
Este livrinho é um achado editorial. Bem escrito, bem paginado, com boa tradução de Paulo Ramos, fornece ao leitor pistas simples e claras para entender o essencial de um tema tão complexo. Partindo do confronto entre dois países, Dinamarca e Síria. Em qual deles o leitor preferia viver? Pois aí está a primeira lição: a política é sempre feita de escolhas.
Professor da Universidade de Cambridge e colunista no Guardian, o britânico David Runciman tem uma visão nada académica da política. Exibe-a aliás com orgulho neste volume, originalmente publicado em 2014 sob o título Politics.
Como qualquer outra actividade, a política - sustenta o autor - deve ser exercida por verdadeiros profissionais da área. Desiludam-se quantos gostariam de a ver tomada por legiões de académicos e tecnocratas em nome da bandeira da “regeneração” ou qualquer outra daquelas que, em correntes cíclicas, costumam agitar as águas mediáticas.
“O problema é que os académicos estão habituados a pensar que o melhor argumento acabará por vencer e acreditam que são eles que possuem o melhor argumento, o que os deixa susceptíveis e impacientes quando confrontados com a desordem e a confusão do mundo real. Na política não há garantias de que o melhor argumento acabe por vencer.”
O parágrafo transcrito acima ilustra o melhor desta obra que não foge à ironia nem à polémica. Runciman vai escrevendo em permanente diálogo com o leitor que quer saber um pouco mais sobre política. E saberá mesmo se viajar nestas estimulantes páginas por onde passam Hobbes, Weber e Montesquieu, entre outros pensadores. Somos apresentados a todos eles. E ficamos com vontade de partir daqui para outras obras. A intenção do autor é essa.