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Delito de Opinião

Dez livros para comprar na Feira

Pedro Correia, 27.08.20

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Livro um: As Sílabas de Amália, de Manuel Alegre

Edição D. Quixote, 2020

63 páginas

 

Em ano de centenário do nascimento de Amália Rodrigues, Manuel Alegre presta tributo à inigualável cantora que levou as três sílabas de Portugal aos quatro cantos do mundo. Reunindo aqui os seus poemas que Amália tão bem cantou na década de 70 e outros que ele foi compondo em tempos posteriores, com a intérprete de Fado Português como fonte explícita de inspiração.

É um «livrinho» - assim lhe chama o autor no prefácio. Em número de páginas, na verdade, sabe a pouco: apetecia-nos mais. Mas pressinto que Alegre usa o termo sobretudo na acepção carinhosa de um pai incapaz de enjeitar um novo filho, mesmo quando já tem a descendência mais que assegurada. E é também um diminutivo que rima com os «versinhos» mencionados por Amália, aludindo à sua própria condição de letrista - iniciada com Estranha Forma de Vida, tão marcante no reportório e no imaginário amaliano.

«A sua maneira de cantar dava outra dimensão a cada verso e fazia da própria língua uma música inconfundível. Ela sabia dizer cada palavra e, quando cantava, nem uma sílaba se perdia», assinala Alegre no sucinto mas emocionado texto introdutório deste opúsculo dividido em quatro partes: "As Sílabas de Amália" (com duas homenagens em forma de poema, uma das quais inédita); "Quatro Poemas Cantados por Amália com Música de Alain Oulman" (incluindo o popular Meu Amor é Marinheiro, que viria a ser gravado em 1997 por Maria Bethânia, e uma versão alternativa da Trova do Vento que Passa, antes popularizada na voz de Adriano Correia de Oliveira); "Teoria do Fado" (com dois inéditos); e "Eu Queria Dar-te um Fado" (que inclui o poema Lisboa Ainda, escrito já durante o surto pandémico, quando o País se encontrava em estado de emergência).

Lê-se num ápice. Mas o mais importante é o que fica depois, a vibrar-nos na memória e a interpelar-nos as raízes. Um sentimento que Alegre tão bem traduz nestes versos (de Teoria do Fado): «É um íntimo tremor obscuro impulso / que devagar aperta na garganta / pulsa no coração bate no pulso / e é por isso que dói quando se canta.»

 

Sugestão 1 de 2016:

O Islão e o Ocidente, de Jaime Nogueira Pinto (D.Quixote)

Sugestão 1 de 2017:

A Máquina do Tempo, de H. G. Wells (Antígona)

Sugestão 1 de 2018:

Delito de Opinião, de vários autores (Bookbuilders)

Sugestão 1 de 2019:

O Fundo da Gaveta, de Vasco Pulido Valente (D. Quixote)

4 comentários

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    Pedro Correia 27.08.2020

    Não sei em que mundo você vive, Lavoura. Os livros, mal são lançados, têm logo desconto. Basta pesquisar na FNAC, Bertrand, Wook, etc, para perceber isso.
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    balio 27.08.2020

    Não. Os livros, durante um ano após o lançamento, somente podem ter um desconto de 10%. E têm esse desconto somente nalgumas livrarias e nalgumas ocasiões - não em todas as livrarias nem em todos os dias. Pelo menos, na livraria Bertrand que frequento, verifico que somente alguns livros e somente durante alguns dias é que têm o desconto de 10%.
    À Feira vai-se para comprar livros com descontos muito superiores a 10%. Ou seja, livros editados há mais de um ano.
  • Sem imagem de perfil

    Anónimo 27.08.2020

    Não, Lavoura, não é durante um ano, é durante 18 meses. Mas todas as livrarias têm 20 dias por ano para fazer "descontos especiais": a Bertrand opta por usar esses 20 dias no mês do Natal; a Fnac usa-os nas Flash Sales.
    🌼
    Maria
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