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Delito de Opinião

Dez livros para comprar na Feira

Pedro Correia, 04.06.18

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Livro quatro: Não Respire, de Pedro Rolo Duarte

Edição Manuscrito, 2018

295 páginas

 

Pedro Rolo Duarte (1964-2017) foi sempre um homem da palavra. Escrita e oral. Deixou-nos um legado precioso em páginas do melhor jornalismo português, impresso em publicações como o semanário O Independente, a revista Capa e o suplemento DNa, do Diário de Notícias. Foi também um profissional conceituado aos microfones da rádio ou nos estúdios da televisão. Partiu demasiado cedo, há seis meses, vítima de cancro no pulmão. Mas teve tempo de transmitir este precioso legado em forma de livro a todos nós, que o admirávamos como figura de referência nos diversos palcos da comunicação.

Não Respire é obra de evocações várias, tanto no plano pessoal como profissional, de um homem que atravessou três décadas de jornalismo. Viu muito, ouviu muito, aprendeu muito, transmitiu muito do que sabia, cultivou amores, suscitou paixões, sofreu na pele invejas e rancores. Tudo próprio de alguém que não passa pela vida com indiferença.

Nestas páginas que de algum modo lhe servem de testamento, transporta-nos a grande parte do seu trajecto profissional, inseparável em larga medida do seu percurso biográfico. Sem ocultar o drama da doença, que aliás serviu como detonador imediato para o livro. Vem logo num dos parágrafos de abertura, em que recorda estas palavras que soavam como diagnóstico fatal: «Pedro, não são boas notícias, confirma-se: tem um tumor no pulmão. No estádio III. O estádio IV é o último.» Seguimos com ele nestes dias dolorosos: «Começo a perceber o que significa a palavra estigma. Parece que fui colocado numa prateleira: a das pessoas que "estão doentes". Não têm gripe, nem pneumonia, nem hepatite - estão. Vá lá que ainda não são. Mas estão.»

Foram treze meses de luta contra o cancro. Também treze meses de elaboração deste singular volume de memórias que talvez outros aproveitassem como veículo para ajustar contas com terceiros ou com o próprio destino, mas que Rolo Duarte elege afinal como perdurável e comovente celebração da vida.

 

 

Sugestão 4 de 2016:

Páginas de Melancolia e Contentamento, de António Sousa Homem (Bertrand)

 

Sugestão 4 de 2017:

Os Filipes, de António Borges Coelho (Caminho)

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