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Delito de Opinião

Deslocar-se de forma mais sustentável

Cristina Torrão, 30.07.20

2019-02-23 E-Bike (5).jpg

Completei os primeiros 1000 Km com a minha eBike, quinze meses depois de a ter adquirido.

Primeiro, uma pequena explicação sobre o modo de funcionamento da bicicleta. Não anda sozinha, isto é, sem pedalar, não saio do sítio (a não ser num declive). O motor eléctrico acciona por iniciativa própria e só em caso de necessidade, ou seja, numa descida, ele desliga sempre e, numa rua plana, raramente se acciona. Tudo depende do nível de ajuda que escolho. Tenho quatro níveis à disposição e ando 90% do tempo no nível mais baixo, o eco, conseguindo, por cada carregamento de bateria, cobrir distâncias de até 120 Km. Em qualquer dos níveis, o motor só me ajuda até aos 25 Km/h (já atingi velocidades de 30 Km/h, mas em descidas, quando o motor desliga).

A bateria é uma Bosch Power Pack 500. A energia necessária para um carregamento, e que me permite andar os tais 120 Km, é a equivalente à usada para ferver cinco litros de água. Não sei dizer quantas vezes pode ser recarregada, mas, segundo o fabricante, chega para dar volta e meia ao planeta. Além disso é susceptível de ser reciclada, tendo eu, para isso, de a entregar numa loja de bicicletas.

Trata-se de uma bateria de lítio, cuja extracção acontece, muitas vezes, em condições catastróficas. Além disso, implica emissões de CO2, tanto na fabricação, como nos carregamentos. Por outro lado, e incluindo coisas tão necessárias como a alimentação e o vestuário, não conseguimos viver sem poluir. E, neste nosso mundo globalizado, fugir a produtos conseguidos através de trabalho em condições de escravidão é praticamente impossível. Seria necessária muita vontade política e o ser humano teria de controlar a sua ganância, o que, pelos vistos, representa um sacrifício incomportável.

Enfim, importante, para mim, é tentar poluir o menos possível. Segundo dados do Ministério do Ambiente alemão, andar de automóvel implica ser responsável por emissões 40 vezes superiores às de uma eBike. Estes dados baseiam-se em cálculos de que metade das deslocações de automóvel, neste país, ficam aquém dos 5 Km. Os custos são igualmente muito inferiores. Para um automóvel ligeiro, incluindo combustível, seguro, impostos e parqueamento, eles comportam uma média de 12 € por 100 Km; com a eBike são 0,25 € - estes dados constam da brochura “Bosch eBike Systems / DE”. Nunca me debrucei sobre o assunto, mas alguém me poderá dizer se a indústria do petróleo não implica trabalho infantil e/ou escravo?

Uma bicicleta destas é, assim, uma óptima alternativa ao carro, em deslocações citadinas. Não se pode comparar o número de decibéis causados pelo meu motor eléctrico com o de um motor de combustão. Além disso, não empesto o ar nas minhas deslocações. Não sei se haverá alguém que goste do cheiro dos escapes e das fumarolas por eles libertados. Eu detesto e já constatei que o uso da máscara em parques de estacionamento cobertos, por exemplo, não é apenas útil para minimizar o contágio do Coronavírus. Claro que também ando de carro, mas, para fazer compras pequenas (que caibam no cesto da bicicleta), para ir ao café, ao médico, ou nos tempos livres, nem hesito em usar a bicicleta. Enfim, em pouco mais de um ano, já evitei 1000 Km de carro, dentro da minha cidade.

E porque tem de ser eléctrica? Tive sempre bicicletas normais, até comprar esta, em Abril do ano passado. Já sentia bastantes dificuldades em vencer subidas, o que me tirava a vontade de usar este meio de locomoção. Quem já não tem a força da juventude, usa, muitas vezes, este argumento para não andar de bicicleta. E que dizer de pessoas com certas doenças ou outras incapacidades? Ora, uma eBike permite a pessoas com limitações de vários tipos uma forma de deslocação saudável e mais sustentável. Para todos os outros aconselho as bicicletas normais.

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