DELITO há dez anos
Luís Naves: «Nenhuma actividade que envolva ecrãs de computador poderá escapar à ascensão das máquinas, que parece inevitável nos próximos 30 anos. As tarefas rotineiras serão executadas por robôs incansáveis e baratos, mas não é difícil imaginar que nos hospitais ou escolas de província possa haver modelos mecânicos um pouco mais caros baseados em cirurgiões e professores de competência mundial, capazes de diagnósticos precisos e ensino sofisticado. Os transportes, a limpeza, a vigilância, as finanças e a indústria podem ser mecanizados, talvez também a hotelaria, a administração, a educação e a saúde. As implicações para o emprego serão devastadoras e teremos proporções quase inimagináveis de gente sem trabalho.»
Teresa Ribeiro: «Quantos filmes vi eu sobre o nazismo? Entre séries, documentários e fitas de fundo foram muitos! O tema é inesgotável e ainda bem, porque pulula por aí gente que se aplica em negar esse passado que é de todos, não apenas de judeus e alemães. Phoenix, de Christian Petzold, levou-me mais uma vez à Berlim devastada do pós-guerra. Ainda há poucos dias tinha lá passado, pela mão de Rossellini, em Alemanha, Ano Zero, uma coincidência que torna impossível não relacionar os dois filmes. Ambos contra a corrente, revelando a realidade não sob o ponto de vista dos vencedores da guerra, mas dos derrotados. Em se tratando deste tema não estamos habituados à perspectiva dos culpados, destroços humanos sem direito à autocomiseração, muito menos à compaixão dos outros.»